A Câmara e a Síndrome do Primeiro Biênio

Fachada Câmara 2006 01

 

Você acredita em Crendices Populares??? Falo em passar embaixo da escada, cruzar com gato preto, temer o número 13, usar trevo de quatro folhas e por aí vai. Agora você imaginou as Crendices Populares invadindo o Poder Público e de preferência a Câmara Municipal??? Os funcionários mais antigos e os aposentados falam que nos corredores são ouvidos sons estranhos, geralmente provenientes de servidores já falecidos que ainda buscam serviço ou deixaram algo por fazer nas dependências do prédio legislativo.

Tirando as crendices de lado a Câmara Municipal de Caraguatatuba tem momentos históricos, hilários, estranhos e distintos que marcaram a sua história. Relógios já foram adiantados para não receber documentos, Presidentes se reelegeram sem precisar de votação e Vereadores perderam a cadeira por terem abandonado a Câmara em represália aos atos da Presidência.

No Legislativo de Caraguatatuba já teve de tudo: Já teve Vereador que separou da esposa durante o seu mandato e nunca mais se reelegeu, tendo como exemplo os Vereadores da época Wilson Rangel e Tiago Santana, bem como existiu até o ano de 2008 a “Síndrome do Quinto Mandato”, ou seja, nenhum Vereador de Caraguá teria conseguido se reeleger 5 vezes e em todas as vezes que tentava perdia nas urnas ou falecia, a exemplo de João Rodrigues de Godoy Filho – Baduca e Gomercindo ‘Gomes’ Nicolau dos Santos.

Dentre todas as crendices a mais nova está relacionada aos Presidentes que ocuparam o cargo no primeiro biênio do mandato. Simplesmente, se você analisar, todo Vereador que ocupou a Presidência no primeiro Biênio, não conseguiu se reeleger na eleição seguinte. Se fizermos uma pesquisa a partir de 1990, perceberemos que o fantasma do primeiro biênio assombra a Vereança Caiçara com força há décadas.

Vamos iniciar na última gestão do finado ex-Prefeito José Bourbeby, de 1989 a 1992. O Presidente do primeiro biênio foi Dúlio Peixoto, que não se reelegeu para a gestão seguinte, do também finado e ex-Prefeito José Sidney Trombini, no caso o famoso “Bicho Louco”, Wilson Rangel. A gestão seguinte foi a primeira de Antonio Carlos da Silva e que teve como Presidente no primeiro biênio o Vereador Mauri Diniz, que não se reelegeu, pois na época repassou sua herança política para a esposa, a médica Leonor Diniz, que se elegeu e não conseguiu a reeleição, ou seja, de uma forma ou de outra a Síndrome sobreviveu. A gestão seguinte, de 2001 a 2004, que teve como Prefeito reeleito Antonio Carlos da Silva, o Presidente do primeiro biênio foi o seu fiel escudeiro, correligionário de confiança e amigo particular, Valmir da Colônia que provou das urnas ao final da gestão e não sentiu o doce gosto da reeleição.

Continuando temos a gestão de Juarez Pardim no primeiro biênio da única gestão de José Pereira de Aguilar, de 2005 a 2008, que não só não se reelegeu, como também foi classificado como “Ficha Suja”, devido a problemas na justiça. O retorno de Antonio Carlos da Silva em 2009, para a sua gestão até 2012, teve Omar Kazon como o Presidente dos primeiros dois anos. Desta vez a alegação foi a de concorrer ao pleito pelo cargo de Prefeito. De uma maneira ou de outra não conseguiu a reeleição. De uma maneira parecida, seja na ocupação dos cargos, seja na correspondência da Síndrome, o fato vem ocorrendo há mais tempo do que o abordado neste texto. Lúcio Fernandes, ex-Vereador, Assessor Parlamentar da Prefeitura e Coordenador do sucessor do Prefeito Antonio Carlos da Silva presidiu a Câmara de 81 a 83 e depois disso nunca mais se reelegeu. O mesmo ocorreu com José Benedito Gonçalves Pinto – Zézinho Prequeté, que chefiou o Legislativo de 83 ao final de 84 e depois disso vem tentando, sem êxito, retornar aos bancos Parlamentares. Arlindo Nakane veio em seguida e apenas no período de 85 a 86 executou a função da Vereança, não se reelegeu e ainda por cima foi embora da cidade, o mesmo ocorrendo com José Roberto Simão, no período de 87 ao final de 88, que trocou a cadeira Legislativa pela candidatura a Prefeito, perdendo para o finado Bourabeby, que derrotou na época também o finado advogado Sílvio Ferreira e o ex-Prefeito e também falecido, Jair Nunes de Souza.

Voltando aos últimos 18 anos percebemos que os Vereadores que administraram o Legislativo no segundo biênio conseguiram retornar a Casa de Leis, no caso Celsinho Pereira e Wilson Gobetti, que sempre preferiu gerenciar na segunda metade da gestão e só não retornou porque teve problemas na justiça e preferiu se candidatar a Prefeito e renunciou no final da campanha. Pelo visto ele já devia ter percebido a força da Síndrome.

Finalizando, seja Crendice, Síndrome ou Profecia esta pseudo tradição mostra a peculiaridade, o grau pitoresco do Legislativo local, que se contrapõem a inoperância de suas principais funções, ao escravagismo que tem perante o Executivo, a perda de sua identidade e a pouca qualidade de seus membros na elaboração de Leis e melhores condições de vida à população. E para encerrar o primeiro biênio da atual administração foi presidido por José Mendes de Souza Neto – Neto Bota. Resta saber, a Síndrome irá continuar, perpetuar, se manter???

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