Ele se vê Homem, mas num corpo de Mulher

O assunto é delicado, merece todo e completo respeito, pois está ligado ao interior do ser humano, aos seus sentimentos, suas escolhas, enfim a sua vida. O Blog CONTRA & VERSO narra hoje sobre a vida de John Maia, que nasceu Joana mas nunca se viu num corpo de mulher. Uma vida marcada por altos e baixos, decepções, muita luta e muitas conquistas e principalmente por uma vontade louca de vencer e se realizar. John Maia precisa de apoio para a sua redesignação sexual.

É necessário iniciar este texto com os verbetes da Wikipédia sobre o assunto. Transexualidade é: “Refere-se à condição do indivíduo cuja identidade de gênero difere daquela designada no nascimento e que procura fazer a transição para o gênero oposto através de intervenção médica, podendo ser redesignação sexual ou apenas feminilização/masculinização dependendo do gênero a ser transicionado (administração de hormônios e cirurgia de redesignação sexual). Na França, a transexualidade deixou de ser considerada como transtorno mental em 2010, sendo o primeiro país a tomar esta decisão. Em 2013, a Organização Mundial de Saúde (OMS) afirmou que iria retirar a transexualidade da lista de transtornos mentais da próxima edição de sua Classificação Estatística Internacional de Doenças (CID)”. Já a Redesignação Sexual é: “A cirurgia de redesignação sexual (CRS) é o procedimento cirúrgico pelo qual as características sexuais/genitais de nascença de um indivíduo são mudadas para aquelas socialmente associadas ao gênero que ele se reconhece. É parte, ou não, da transição física de transexuais e transgêneros”.

Para que possamos nos expressar melhor e dentro dos atuais conceitos sobre o assunto, iremos nos referir a pessoa/tema deste texto no masculino. Uma vida marcada por diversos obstáculos, perdas e frustações. Este é John Maia Gomes, que nasceu Joana Maia Gomes em Santo André, tem 33 anos e veio para Caraguatatuba em 1993 com 10 anos. Aos 12 estudava na escola Trombini e jogou Basquete através do finado professor Dadinho, indo para o Colônia dos Pescadores, quando representou com maestria a cidade.

John Maia 1

Os primeiros problemas enfrentados por John ocorreram em 96, quando foi estuprado e deste bárbaro crime nasceu sua filha Mariana, hoje com 21 anos. Viciou-se em Maconha e conseguiu uma internação na Fazenda Esperança, do famoso Frei Hans em 2000, quando tinha apenas 17 anos, graças ao apoio do ex-Prefeito Antonio Carlos da Silva. Saiu da internação direto para a cidade de São Paulo, onde viveu como catador de papelão.

Nesse ínterim o estuprador de John havia sido condenado a cinco anos e três meses e ao recorrer, a Justiça aumentou a pena para sete anos e quatro meses, o que causou um certo arrependimento na mãe de John, a famosa Dona Ana do Cachorro Quente que era vendido na praia, e a mesma sugeriu que fosse dado o perdão para José Aílton dos Santos e este perdão veio através do casamento entre ele e quando John ainda era Joana. Neste perdão foi feito um acordo onde José Aílton deu uma casa para John, residência essa onde a filha de John mora com sua neta.

Em 2003 John voltou sozinho para São Paulo, onde trabalhou como Porteiro Noturno na Noite Paulistana. Uma nova queda foi quando começou a traficar drogas de 2005 a 2007, infringindo não só a lei, mas a primeira regra de todo Traficante, tornando-se um viciado em crack. O pouco que conquistou perdeu tudo com o vício e morou na Cracolândia, fugindo sempre que ia para a internação.

Assim como toda ação desencadeia uma reação, o tráfico, o vício e a vida na Cracolândia resultou na sua prisão por assalto em 2009 e uma pena de cinco anos e quatro meses, onde cumpriu apenas um ano e atualmente está em condicional, indo ao Fórum de São Paulo a cada 90 dias para assinar os documentos obrigatórios. Nesta situação John retornou para Caraguatatuba e graças novamente ao apoio do ex-Prefeito Antonio Carlos, foi trabalhar na Secretaria da Educação, mais precisamente na Creche do Tinga e no setor de Nutrição, além de outras escolas. Saindo da Educação John trabalhou no Parque do Trombini e depois na concessionária Veibrás. A mãe faleceu em 2015.

John Maia 3

Fragilizado pela morte da mãe e receoso de uma nova recaída, mudou-se para Goiânia e foi a partir daí que iniciou a sua transição. John conta que se relaciona com mulheres desde os seus 12 anos, ou seja, antes de se tornar John, Joana era vista como Lésbica e segundo os antigos preceitos, assumia o lado masculino da relação homo feminina. Como Joana não se enxergava como mulher, ou seja, inclinava-se sempre e cada vez mais para o masculino. Este conflito que tornou-se um autoquestionamento veio com mais força a partir dos 18 anos e a ida para Goiânia, além de se afastar das más companhias das drogas, vinha do fato de Caraguatatuba ser uma cidade preconceituosa, onde existem outras pessoas como ele, mas que assumem uma posição mais restrita, ou seja, ainda estão “no armário”.

Atualmente John trabalha como Vigilante em Goiânia e está em tratamento para sua transição, tomando hormônio a cada 15 dias com acompanhamento médico e necessita de valores que vão de R$ 9,5 a R$ 13 mil para retirar os Seios – Mastectomia e o Útero e o Ovário – Histerectomia, cirurgia essa feita pelo médico Erick Scarpan. Este mesmo procedimento pode ser feito pelo SUS – Sistema Único da Saúde, mas são necessários pelo menos 2 anos de consulta com um Psicólogo e uma espera que ultrapassa os seis anos. Quanto a retirada ela se faz necessária devido ao risco de um Câncer por causa do Hormônio e devido a dor nas costas.

John Maia 5

John Maia Gomes já assina como homem há anos e para quem tem dúvidas, tem namorada e no seu relacionamento usa uma Prótese Artesanal chamada de “TZ Packer”, que dura em torno de três anos e custa algo entre R$ 100 e R$ 300. Para aqueles que desejarem contribuir e ajudar John Maia na sua transição, os donativos devem ser feitos no seguinte link, https://www.vakinha.com.br/vaquinha/realizacao-de-um-sonho-ae2b8e85-f7cf-40f8-89e1-6eefd3ffd1a3 .

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