*Por Stefan Massinger
Com a independência de Grécia, conquistada junto com forças europeus, depois de mais de 500 anos, em 1830, as vinícolas gregas começaram a se recuperar, apenas para serem destruídas de novo com as guerras nacionais e mundiais que perduraram até meados do século XX.
Desde então, os produtores gregos — felizmente! — Vêm se recuperando aos poucos, e embora ainda estejam longe do lugar hegemônico que já ocuparam no ranking mundial da fabricação de vinho, hoje já são mais de 300 espécies de uvas cultivadas no país. Difícil de se beber no Brasil, mas já tem importadoras especializadas, que oferecem vinhos gregos da excelente qualidade!
Como já mencionado, a maior força de expansão do vinho fora da Europa foi a igreja católica. O vinho chegou no continente americano pela primeira vez no México, no século XVI, trazido pelos missionários para a eucaristia. Uma curiosidade: até hoje tem por lá uma uva com o nome de Misión!
O problema — só para os colonizadores, claro — foi que a produção mexicana teve tanto sucesso, por causa do clima do país, que se transformou em concorrência pesada no mercado europeu. E os produtores do “velho mundo” não gostaram nem um pouco a importação o crescente do vinho mexicano. Tanto é que o Rei da Espanha teve que mandar parar a exportação de vinho pela colônia para não prejudicar o balanço econômico lá no velho continente!
Mesmo assim, a vinicultura continuou crescendo por aqui, e os europeus foram recompensados por não ter destruído totalmente o cultivo das uvas nas Américas. Um outro fator, que ajudou o vinho crescer no continente americano foi uma praga feroz, que quase terminou com toda a produção europeu de vinho de vez. No final do século XIX, uma onda violenta de Filoxera — praga que ataca as folhas das parreiras — chegou à França, causando uma crise sem precedentes na produção mundial de vinho, como a praga se espalhou rapidamente em outros países também.
A sorte foi que as plantas americanas eram muito mais resistentes à praga, por isso foi possível combater o desastre plantando parreiras nativas da América junto às plantas francesas para protegê-las. Essa prática, inclusive, deu origem a várias espécies híbridas, e é usada até hoje, sempre que a Filoxera volta para aterrorizar os vinicultores europeus – mesmo com uso de agrotóxicos e inseticidas.
Fundamental na evolução e produção do vinho na Europa foram também enormes transformações no sentido de vinho ser regularizada e padronizada. Historicamente muitos produtores pequenos, monastérios, castelos (château) e fazendas produziram com certo segredo, que deixou marcas individuais nas bebidas produzidas, mas éramos longe de regras, dominações de origem e uma cultura de preservar caraterísticas típicas de uvas e regiões. E, com a destruição dos vinhedos que não puderam ser salvos pela praga, a terra onde antes se plantava uvas passou a ser usada no cultivo de gado e hoje é de onde vem a melhor manteiga e queijo da França. Parece que esse país nasceu mesmo para a gastronomia, não é?
Além do continente americano, outra nação importante no mundo dos vinhos fora da Europa é a África do Sul. O cultivo das uvas viníferas começou no século XVI, no Cabo da Boa Esperança, com a chegada de colonizadores holandeses. Mais tarde também a Austrália e Nova Zelândia se destacaram com excelentes condições de plantar uvas e produzir vinhos fora da Europa.
* Stefan Massinger é embaixador do grupo Wine, o maior e-commerce de vinhos da América Latina, administra um curso on-line, um podcast e é consultor independente de negócios.