A Versão Caiçara de A Guerra dos Mundos

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Era uma manhã ensolarada e quente de Primavera em 14 de dezembro de 2016 quando o Capitão Oduvaldo Romano, chefe da Defesa Civil Municipal foi ao Jornal Regional da Caraguá FM, sob a locução do Radialista JR Forlin para narrar a previsão de enchentes, alagamentos e inundações por ações meteorológicas decorrente das chuvas que ocorrem comumente durante o verão. Diferente apenas no clima, quando numa noite fria de outono de 30 de outubro de 1938 o então jovem Orson Welles narrou a fantasiosa invasão de Marcianos dos estúdios da Rádio CBS (Columbia Broadcasting System) em Nova York, o que iguala as duas ações foi o medo, o pavor e o pânico gerado pela notícia entre os moradores locais. Não se sabe os motivos, as razões e o objetivo desta divulgação, mas é certo afirmar que o resultado pode gerar a maior crise econômica que esta cidade já teve ao longo de seus 160 anos.

Na manhã de ontem – quarta-feira, o Capitão Oduvaldo Romano foi aos estúdios da Rádio Caraguá FM, durante a exibição do Jornal Regional, sob a locução de JR Forlin para divulgar um ofício recebido pela CEDEC – Coordenadoria Estadual de Defesa Civil, órgão ligado a Casa Militar do Governo do Estado que aponta riscos de alagamentos, inundações, enchentes e possíveis pequenos Tsunamis ao longo da costa do município. Estas anomalias climáticas seriam decorrentes dos efeitos do La Niña e ocorreriam durante o verão, que terá início em aproximadamente 7 dias e término apenas em março. O Capitão ressaltou os dados com base em análises do CEMADEN – Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais, sediado em São José dos Campos e Cachoeira Paulista para justificar a “notícia preventiva”.

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O primeiro resultado foi instantâneo. As Redes Sociais como o Facebook e o Whatsapp geraram um tráfego intenso de perguntas, respostas, questionamentos e indagações. Verbetes como “Tsunami em Caraguá”, “Maremoto Caiçara”, “Olha Olha a Onda” e “A Onda do Verão” figuraram entre os Trend Topics do dia, gerando críticas, descontentamento, raiva, indagações políticas e outras manifestações não tão educadas. Há informações de pessoas que cancelaram contratos de aluguel definitivo de um ponto da cidade para outro mais afastado da costa, assim como Turistas e Veranistas que pretendem cancelar suas férias na cidade ao saberem das informações. Empresários que manifestaram interesse em investir em empreendimentos na cidade ficaram temerosos com base no anúncio feito na quarta-feira. Durante o programa o chefe Romano chegou a dizer que em caso de chuva seria melhor para o morador se proteger em locais altos.

É bom frisar que ressacas decorrentes de chuvas e ondas que variam de 1,5 a 3 metros de altura são comuns no Litoral Norte bem como em todo Litoral Brasileiro. Em alguns momentos a maré alta associada a ressaca adentra a areia da praia, chegando até a via pública. Nestes casos, principalmente no verão, quando ocorrem chuvas fortes associadas a maré alta, o resultado são ruas alagadas e até bairros inteiros. O que causou pânico entre os moradores foi o alarde exagerado e desnecessário quanto a um fato comum que acontece durante o verão.

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O Site de Notícias CONTRA & VERSO percorreu o longo caminho das instituições para apurar os fatos que desencadearam esta onda de medo, pânico e preocupação entre moradores, Turistas e Veranistas.

A Delegacia da Capitania dos Portos em São Sebastião informou que a sua tarefa é a de comunicar ressacas e toda e qualquer ocorrência marítima na Costa Brasileira, através de um serviço próprio de Meteorologia, num período que antecede 72 horas e não por meses para toda comunidade náutica, que vai de um simples pescador com canoa a um cargueiro ou uma das naus da frota militar. A Marinha informa que outras ocorrências são tarefa da Defesa Civil, seja na capital do estado como no município.

O Capitão Oduvaldo Romano, responsável pela Defesa Civil em Caraguatatuba relata que se mostrou assustado com o conteúdo do Ofício da CEDEC – Coordenadoria Estadual de Defesa Civil, ainda mais pelo fato de nunca ter recebido documento de igual teor nos 7 anos que administrou o setor. Aliado a isso o chefe da Defesa Civil alarmou-se com um áudio de um navio da Marinha alertando sobre problemas de ressaca em decorrência do anúncio de ressaca e ondas altas pela Marinha entre Santos e Arraial do Cabo, no Estado do Rio de Janeiro para hoje e amanhã e pelo fato de que no próximo ano será o 50º ano da Catástrofe de 1967, que segundo especialistas no setor, é cíclica e pode ocorrer novamente.

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O Major De Paula da CEDEC – Coordenadoria Estadual de Defesa Civil alega que houve erro de interpretação por parte da chefia de Defesa Civil em Caraguatatuba. Segundo o oficial a Resolução CMIL 017/610 mostra que a Defesa Civil Estadual tem um plano para ressacas, o que seria um adicional ao já existente que trata de escorregamentos e deslizamentos de terras e encostas. “O documento não fala que irão ocorrer ressacas, mas sim, que o Plano Preventivo de Defesa Civil agora tem um item sobre esse assunto e como Caraguatatuba é uma cidade de Litoral, deve ser adequar a este novo item”, disse. De acordo com o Major De Paula a Resolução define os parâmetros para estas situações e a partir daí, cada cidade monitora as suas áreas costeiras e que tem maior ou menor incidência de ressaca. De Paula ressalta que a CEDEC não tem poder para prever nada além de 3 dias.

Diferente daquela fatídica noite que tanto alvoroço causou em 1938 e resultou em contratos futuros para Welles, a manhã de 14 de dezembro – denominada a partir de hoje como “A Guerra dos Mundos Caiçara” – registrou um erro de interpretação catastrófico que gerou pânico e possíveis sequelas para a temporada de verão deste ano. Tendo em vista a origem campestre do atual chefe da Defesa Civil e metropolitana do próximo, podemos argumentar que o melhor seria indicar um Caiçara Nato, pescador de velha data para o cargo, pois com certeza sustos e avisos infundados como estes certamente não acontecerão.

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