*Jenny Melo
O desafio de inserir os clássicos nacionais nas escolas é um debate necessário e urgente. Obras de gigantes como Machado de Assis, José de Alencar entre tantos outros, são pilares da nossa cultura, essenciais não só para a formação de repertório literário, mas também como preparação para o vestibular. A importância de ter contato com esses textos é inegável, pois eles nos conectam com nossa história, identidade e a beleza da nossa literatura.
No entanto, a maneira como essa introdução acontece pode ser um tiro no pé. Se a leitura é apresentada apenas como uma obrigação, sem um trabalho pedagógico por trás, corremos o risco de fazer o oposto do que desejamos: em vez de criar um leitor, podemos afastá-lo para sempre. Para a maioria dos jovens, a competição com os eletrônicos já é desleal, e a leitura de um clássico imposto como um fardo pode ser mais um motivo para fugir.
A saída não é deixar de lado os clássicos, mas sim repensar o caminho. A construção de um leitor precisa começar bem antes de Machado de Assis. É fundamental alimentar o gosto pela leitura de forma gradual e contínua, começando com livros mais leves que capturem a imaginação. A leitura dos clássicos, por serem mais densos e complexos, deve ser o resultado natural de um percurso bem-sucedido.
Para que isso aconteça, a família e a escola precisam se unir nesse propósito. A comunidade escolar deve buscar métodos inovadores que transformem a leitura de um clássico em uma experiência envolvente, e a família, por sua vez, deve reforçar o hábito em casa, dando o exemplo.
O objetivo é transformar a leitura de uma obrigação em uma verdadeira descoberta. Em vez de impor, é preciso inspirar. Com um trabalho contínuo, gradual e em parceria entre a escola e a família, a riqueza da literatura brasileira pode, finalmente, ser apreciada e valorizada pelas novas gerações.
Beijos da Jenny e Até.
*Jenny Melo – Escrevo minha história aos poucos, entre silêncios, livros e abraços. Sou mãe, esposa, futura jornalista… e, acima de tudo, alguém que encontra sentido nas palavras e abrigo nas páginas.
Leio o mundo com o coração aberto — porque, pra mim, a vida é feita de histórias que a gente vive e outras que a gente escolhe amar.