Eu sou Jornalista. Recebi do Criador a incumbência de narrar os fatos, de observar o cotidiano, de mostrar o certo e o errado, de opinar sobre os acontecimentos, de questionar, explorar a vida, de ser contraditório, opinativo.
Se uso óculos é porque minhas pupilas estão fraquejadas de tanto ver a grosseria dos homens, a violência das massas, as atrocidades dos governos, os exageros do radicalismo, a força da opressão e a desculpa de colocar os costumes acima do equilíbrio e da sensatez.
Não protejo meus ouvidos mas ouço diariamente as banalidades da sociedade, os estereótipos da moda, as músicas sem letra, as declarações sem conteúdo, as indagações sem base, o choro dos preguiçosos e as lamúrias verdadeiras dos oprimidos e excluídos.
Não uso luvas mas sinto nas pontas dos dedos o sangue dos injustiçados, dos mortos pelas balas perdidas, dos marginais que aviltaram a lei procurando uma vida criminosa, o gozo das várias opções sexuais, o prazer de quem procura prazer. Sinto nos dedos a água que leva a vida, que faz a vida, que traz a vida.
Não necessito de máscara mas sinto pelo olfato a falta de saneamento, os temperos da vida, a culinária popular de quem vive com pouco, da classe média pujante e dos grandes chefs. Pelo olfato sinto as agressões ao meio ambiente, o uso descontrolado de combustível, o tradicional cheiro forte que antecede a chuva e dos tambores de freio dos caminhões que levam e trazem o desenvolvimento do país.
Sou Jornalista, sou sensitivo, prejudicado pelos malfeitores da vida, beneficiado pelas alegrias criadas pelo criador. Sou Jornalista, minha missão é proteger o homem, o mundo, é proteger a Vida!!!