* Edu Souza
Perdemos infelizmente, no sábado, dia 21/01, Greg Wilson, cantor e guitarrista do Blues Etílicos, a banda mais importante e influente do segmento no país.
Vítima de um câncer no reto, diagnosticado em 2022, que se espalhou pelo pulmão e fígado, o músico faleceu aos 60 anos.
John Gregory Wilson, norte-americano nascido no estado do Mississipi e naturalizado brasileiro, entrou para a banda logo após sua formação em 1985.
Greg além de exímio cantor e guitarrista, tocava trompete e tinha bacharelado em música pela Universidade da Carolina do Sul.
Ao longo da carreira lançou 13 álbuns com o Blues Etílicos, além de discos-solo e colaborar com diversos outros artistas, tornando-se um dos principais bluseiros do país.
Seu falecimento foi oficialmente confirmado por meio de uma publicação no perfil oficial da banda no dia 20:
“Greg Wilson acaba de fazer a passagem para o outro plano. Todos da banda sentem muito, bem como todos que o conheceram. Lutou contra o câncer com espírito elevado, como um verdadeiro guerreiro. Subiu no palco conosco até dezembro último, apesar das inúmeras dificuldades. Bacharel em Música pela Universidade do Arkansas, era um guitarrista de estilo próprio e elaborado, bem como um cantor único no segmento do blues brasileiro. Todo nosso sentimento para a família Wilson e para sua esposa Claudinha, que também tem sido uma guerreira e uma companheira exemplar nessa jornada. ”
Greg subiu ao palco e se apresentou ao longo dos últimos dois anos com imensa entrega e energia, apesar da sua saúde fragilizada, sua última apresentação foi em dezembro de 2023 no Festival de Blues de Jacareí.
Em duas ocasiões tive a oportunidade de me apresentar fazendo a abertura do show do Blues Etílicos, em 2017 no festival Tales From The Blues em Tremembé, e em 2022 no festival Blues na Praça em Pindamonhangaba.
Em ambas ocasiões Greg foi extremamente gentil e atencioso comigo, na primeira vez fazendo questão de pedir ao produtor do evento para nos apresentar logo após meu show, onde tivemos uma longa conversa sobre música e muita risada e na segunda elogiando o repertório todo autoral, sempre incentivando a criatividade e musicalidade.
Figuras assim fazem falta, tanto pela personalidade artística e buraco que deixam na cena, quanto por promover um ambiente de humildade e companheirismo neste tão concorrido e egocêntrico cenário musical.
Greg Wilson deixa uma longa história ao lado do Blues Etílicos e um enorme legado cheio de contribuições no cenário do blues nacional e internacional.
Tamanha repercussão mobilizou algumas personalidades a deixaram recados na página da banda.
“Descanse em paz, Greg”, disse o cantor Ed Motta.
“Nossos sentimentos”, escreveu o perfil da banda Barão Vermelho.
Se você, querido leitor, ainda não foi apresentado ao trabalho de Greg Wilson e o Blues Etílicos, recomendo a audição de alguns discos que considero obras primas.
San-Ho-Zay – 1990 (bateu a incrível marca de 35.000 cópias vendidas, sendo o álbum mais vendido de uma banda de blues brasileira em todos os tempos)
Salamandra – 1994 (tenho uma grande memória afetiva com esse disco por ser um dos primeiros de blues nacional que ouvi na adolescência, sendo uma grande influência)
Dente de Ouro – 1996 (ouvi esse disco ao longo de toda a escrita do texto para entrar no clima)
É isso meus amigos, ainda restam três músicas pro disco terminar e eu vou curti-las com atenção e café, lembrando do querido Greg Wilson e os ótimos momentos que a música e a estrada proporcionam para nós, os apaixonados.
Te vejo quinta feira, um beijo.
* Edu Souza é cantor, compositor e músico profissional desde 2003, lançou 3 álbuns autorais, já atuou como professor e acompanha diversos artistas do cenário blues.