Literatura e jornalismo: Quando o real se torna literário

*Jenny Melo

 

Existem notícias que nos comunicam informações e outras que nos emocionam.

A maneira como são narradas pode ser a razão pela qual as duas são diferentes. O jornalismo procura o fato, a exatidão e o presente. Por outro lado, a literatura procura o sentido, o detalhe e o que escapa. Porém, ocasionalmente, esses dois mundos se cruzam — e é nesse ponto que o real se transforma em literário.

Grandes jornalistas sempre tiveram consciência disso. João do Rio percorria as ruas cariocas em busca não só de notícias, mas de pessoas. Em “Frank Sinatra Has a Cold”, Gay Talese demonstrou que uma reportagem de qualidade pode ter a mesma intensidade de um conto. E, enquanto Clarice Lispector redigia crônicas para jornais, o dia a dia transformava-se em reflexo da alma.

A linha que separa literatura e jornalismo é sutil — e é exatamente por isso que é tão intrigante.

Um repórter pode documentar a tragédia, porém um escritor a converte em vivência humana. O jornalista questiona “o que aconteceu?”, ao passo que o escritor indaga “o que isso significa?”. E quando essas questões se entrelaçam, surge algo singular: a verdade expressa com beleza.

Possivelmente, o jornalismo necessite da literatura para recordar que pessoas estão por trás dos números. Por outro lado, a literatura depende do jornalismo para não se distanciar excessivamente do mundo. Uma complementa a outra, assim como realidade e imaginação coexistindo.

Porque, afinal, narrar histórias é uma ação intrinsecamente humana.

E não faz diferença se é uma redação ou uma página em branco: o que nos impulsiona é o mesmo anseio de sempre — compreender o mundo e a nós mesmos por meio das palavras.

 

Beijos da Jenny e Até.

 

*Jenny Melo – Escrevo minha história aos poucos, entre silêncios, livros e abraços.
Sou mãe, esposa, futura jornalista… e, acima de tudo, alguém que encontra sentido nas palavras e abrigo nas páginas.
Leio o mundo com o coração aberto — porque, pra mim, a vida é feita de histórias que a gente vive e outras que a gente escolhe amar.

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