Livros que nos escolhem

*Jenny Melo

 

Existem livros que não lemos — eles nos leem antes.

Permanecem parados nas prateleiras, nos observando à distância, aguardando o momento preciso em que algo em nós ressoe com algo neles. O encontro pode demorar anos para acontecer. Em outras ocasiões, um olhar desatento em uma livraria, uma sugestão aleatória ou uma capa que chama a atenção já é suficiente.

Afirmam que somos nós que escolhemos o que ler. Porém, há ocasiões em que é o oposto: o livro nos percebe primeiro. Ele se antecipa, estende a mão e nos convida, em silêncio, a adentrar seu interior. É como se tivesse consciência de que precisamos daquela narrativa, daquela frase, daquela dor — e também daquela cura.

Existem livros que surgem em momentos de crise e nos mostram como recomeçar. Outros surgem em dias ensolarados, apenas para recordar que a beleza também é uma forma de resistência. Há aqueles que aguardam pacientemente até que possamos entendê-los — e, ao abrirmos suas páginas, temos a sensação de que já estávamos sendo aguardados.

Um livro pode nos escolher para confortar, para agitar, para nos fazer lembrar quem somos ou para nos mostrar o que ainda podemos nos tornar. Ele chega até nós exatamente quando o coração está preparado para recebê-lo. E, após a leitura, nunca mais somos iguais.

Em essência, cada leitura é um tipo de destino.

E talvez o verdadeiro milagre dos livros seja isso: nos fazer encontrar — mesmo quando ainda não sabemos o que estamos buscando.

 

Beijos da Jenny e Até.

 

*Jenny Melo – Escrevo minha história aos poucos, entre silêncios, livros e abraços.
Sou mãe, esposa, futura jornalista… e, acima de tudo, alguém que encontra sentido nas palavras e abrigo nas páginas.
Leio o mundo com o coração aberto — porque, pra mim, a vida é feita de histórias que a gente vive e outras que a gente escolhe amar.

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