* Edu Souza
Se você, assim como eu, é do tipo que gosta de estar ligado às coisas novas que andam rolando por aí, talvez já esteja bem informado sobre o avanço dos serviços de I.A. e como eles estão afetando em todos os sentidos o mercado mundial, sem exceções e consequentemente nosso cotidiano.
Como nosso assunto aqui é música, vou tentar me ater as questões da nossa pauta, mas inevitavelmente, o consumo de música hoje em dia esbarra nas diversas questões dos serviços de streaming, que são os mesmos para outros produtos digitais, como filmes e séries.
Já parou para pensar em como nossas escolhas a respeito do que ouvir ou assistir são baseadas nas recomendações de uma inteligência artificial? Será que aquilo seria uma opção sua se não te fosse recomendado?
Enfim, fica o questionamento. Pense nisso.
Voltemos ao som.
Quero falar de três lançamentos envolvendo artistas consagrados que utilizaram recursos de I.A. em seus mais recentes trabalhos.
Em abril deste ano foi divulgado o álbum “AISIS – The Lost Tapes”, um suposto álbum perdido da banda britânica Oasis contendo oito canções com o estilo clássico da banda, criado por Inteligência Artificial, que facilmente poderiam passar como produções reais.
A ideia dessa criação é de Bobby Geraghty, um cantor, compositor e produtor de 32 anos que participou do projeto, com sua banda Breezer, impulsionado pelo tédio de esperar pelo retorno da banda.
Eles criaram um álbum imaginando como seria se o Oasis se reunisse e lançasse um novo álbum em 2023.
O álbum contém faixas originais da banda Breezer, compostas durante o ano de 2021, com a voz do vocalista substituída por uma versão gerada por inteligência artificial de Liam Gallagher.
Após seu lançamento e com grande aceitação e aprovação por parte dos fãs da banda britânica, até o próprio vocalista do Oasis, Liam Gallagher, ouviu parte do álbum e chegou a elogiar no Twitter.
Outro lançamento que chamou a atenção no cenário do blues foi a canção “It’s Your Voodoo Working”, uma versão cover do clássico de 1961 de Charles Sheffield, interpretada pela lenda do blues, Junior Wells, 25 anos após ter morrido.
O cantor e gaitista norte-americano teve sua voz ressuscitada pela tecnologia de inteligência artificial interpretando, surpreendente, uma música que ele nunca tocou enquanto estava vivo.
Tudo isso foi possível pela produção de Jürgen Engler, da banda industrial alemã Die Krupps e é um lançamento do selo Cleopatra Records, com total aprovação do espólio de Junior Wells, para celebrar o Halloween.
Neste caso específico, se tratando do blues, onde há mais puristas conservadores no estilo, houveram diversos comentários com opiniões e queixas contrárias ao lançamento por parte da crítica e público.
E deixei para o fim o lançamento do ano, a última música do quarteto de Liverpool, The Beatles.
“Now and then” é uma música escrita e cantada por John Lennon há mais de quatro décadas e pôde ser finalizada somente agora, tudo graças ao avanço das tecnologias de inteligência artificial.
A partir do desenvolvimento de recursos de I.A. durante a série documental “Get Back”, que o diretor Peter Jackson estava fazendo sobre os Beatles, foi possível separar com incrível qualidade a voz e os instrumentos dos integrantes.
Este novo recurso com alta qualidade, permitiu que os membros remanescentes da banda pudessem finalmente concluir essa gravação que estava arquivada desde 1994, quando Paul, Ringo e George se reencontraram e conseguiram produzir duas músicas novas, mas não conseguiram gravar uma terceira, “Now and Then”, porque a voz do John, nessa música, não estava boa o suficiente.
São novos tempos e de novos recursos, mais uma vez a indústria da música está se adaptando as possibilidades.
Eu gostei de todos os resultados que comentei aqui
Vale a pena ouvir para conhecer e ter sua própria opinião, deixo abaixo os links:
Oasis:
https://youtu.be/whB21dr2Hlc?si=S1aXYHld-5A0-273
Junior Wells:
https://youtu.be/NLyW-VQpSao?si=aoGkI5g-bPYbGZ43
Beatles:
https://youtu.be/AW55J2zE3N4?si=ELg_HgdNqSdxe5Yf
Te vejo quinta feira, um beijo.
* Edu Souza é cantor, compositor e músico profissional desde 2003, lançou 3 álbuns autorais, já atuou como professor e acompanha diversos artistas do cenário blues.