NOVA TAMOIOS: PROGRESSO OU UTOPIA?

Rodovia dos Tamoios 3

Bastou o Governador Geraldo Alckmin assinar os contratos para a duplicação da fase dois da Rodovia dos Tamoios, incluindo o trecho de serra e os contornos norte e sul, para começarem as especulações e conjecturas sobre o futuro do Litoral Norte e em especial de Caraguatatuba. Esta novela a Capital do Litoral Norte já viu e não teve boa repercussão, pois nada do que foi previsto ocorreu. Com a Tamoios virá uma nova desilusão, ou seja, mais uma utopia?

Caraguatatuba é o Portal de Entrada e Capital do Litoral Norte de São Paulo e atualmente sedia a UTGCA – Unidade de Tratamento de Gás de Caraguatatuba da Petrobrás – denominada como Monteiro Lobato. Desde os primórdios do seu projeto, que incluía a localização da base, o traçado do gasoduto, do mar para a base e desta para o City Gate em Taubaté, e a ocupação de seus funcionários e técnicos muito se especulou e analisou no município.

Do sonho de que a cidade iria crescer a olhos vistos, de que o nível salarial iria mudar, que uma nova classe social iria nascer, que a expectativa de vida se alteraria até a ilusão de que o Turismo seria artigo de segundo plano e que o conseqüente boom imobiliário equacionaria o mercado e as finanças de uma cidade que vivia apenas de feriados prolongados e férias de verão, tudo isso não passou de pura ilusão, uma utopia profunda.

A Petrobrás veio, se instalou, já está em reforma e expansão e o mercado imobiliário degringolou e quase foi a ruína, pois os aluguéis e preços dos imóveis tiveram uma alta estratosférica e pela demanda existente a procura foi negativa. A tal nova classe social não surgiu de fato, pois os membros e funcionários da Petrobrás se misturaram a multidão, não aparecem, não ostentam e passam incógnitos na sociedade. As chamadas “empresas satélite” que circundam e acompanham as unidades Petrobrás não se instalaram e muito menos para cá vieram.

Rodovia dos Tamoios 1

Continuamos vivendo do Turismo e de sua Sazonalidade. Havia um projeto de que Caraguá sediaria a base de helicópteros para a Plataforma que está instalada há mais de 140 quilômetros em alto mar e a mesma foi transferida e instalada em Ubatuba. Por conseguinte arquitetou-se que o mercado de trabalho e vagas na Unidade de Gás seria formado única e exclusivamente por Caiçaras e moradores locais de longa data, mas só depois é que a luz no final do túnel mostrou a verdade. Uma casta de trabalhadores Caiçaras na Base de Gás da Petrobrás só ocorrerá nos próximos 10 anos, tempo necessário para se formarem nas escolas técnicas e obterem o conhecimento, a prática e e a experiência necessária para tal. No final das contas o sonho que a Petrobrás iria transformar a cidade não passou de um pesadelo, uma mentira, uma utopia profunda que deixou seqüelas nos habitantes de Caraguatatuba.

Agora toda essa novela nos é reapresentada. É um “Vale a Pena Ver de Novo” em outro horário, outro enredo e outro elenco, só que acompanhado de uma jurisprudência mais trágica, pois ao comparar as lembranças não são as melhores.

Comenta-se que um boom de investimentos virá com a Nova Tamoios, conforme texto do jornal O Vale, de São José dos Campos. Não há como acreditar nisso, visto que o porte de uma unidade da Petrobrás é infinitamente maior do que a construção de uma estrada de acesso ao Litoral Norte. Na verdade as maiores preocupações seriam com o crescimento desordenado, o tratamento de esgoto e as vias de locomoção entre as cidades da região. Quanto ao esgoto o trabalho vem sendo feito e a diferença será pequena, entre o que foi feito e a estrada pronta. O crescimento desordenado é o que mais preocupa, pois depende de vontade política dos governantes. Já as vias de acesso entre as cidades depende apenas do Governo Estadual e o artigo do jornal adianta que o Palácio dos Bandeirantes não tem intenção de investir nisso também.

A experiência da Petrobrás resultou numa febre com graves seqüelas e um aprendizado profundo, que não deverá se repetir quando a febre Nova Tamoios incendiar os moradores do Litoral Norte. O melhor será ter um ordenamento honesto e seguro quanto ao mercado imobiliário, um crescimento ordenado e visando o futuro por parte do Poder Público e mesmo tacanha, que as Prefeituras invistam em vias de acesso que facilitem o trânsito entre as cidades do Litoral Norte. O importante não é especular quanto ao futuro, mas sim estar preparado para quando o presente apresentar novidades e usar da melhor alternativa para o desenvolvimento do Litoral Norte.

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