*Stefan Massinger
Conforme a bem informada fonte wein.plus da Alemanha a autoridade agrícola da região de Bordeaux criou até uma linha direta para ajudar viticultores “traumatizados” a lidar com os efeitos devastadores da segunda onda de infestações de oídio – pernaspora. Segundo Nicolas Morain, do departamento local, há chamadas, algumas em lágrimas, de viticultores que precisam muito. Alguns viticultores já questionaram o seu trabalho. A situação é traumática. Nunca vimos nada parecido – o mofo, que está nas uvas e mtoda a parte da região não poupou ninguém este ano”, disse ele. Alguns viticultores já perderam toda a colheita. Allan Sichel, presidente do Conseil Interprofessionnel du Vin de Bordeaux (CIVB), também teme que o mofo signifique para os viticultores que, apesar de todo o trabalho, eles “podem perder o controle total”. Alguns dos funcionários da linha direta são assistentes sociais e também encaminham ajuda profissional de psicólogos.
A segunda infestação de mofo deste ano atingiu Bordeaux na última semana de junho, após fortes chuvas em clima quente e sem vento. Até agora, o Merlot foi particularmente afetado. Olivier Bernard, diretor do Domaine de Chevalier, disse em junho de 2022 que os produtores de vinho precisariam repensar sua mistura de uvas para continuar produzindo vinhos equilibrados à medida que as temperaturas continuam subindo. O Merlot era ótimo em uma época em que o amadurecimento da uva não era a norma em Bordeaux. Mas 60 a 70 por cento de Merlot é demais em um terroir quente porque amadurece mais cedo que Cabernet Sauvignon e Cabernet Franc, explicou Bernard.
Semelhante ao sul da França, o mesmo mofo representa grandes problemas para os viticultores na Itália. A associação vitivinícola Unione Italiana Vini (UIV) prevê danos da ordem dos 40 por cento. As vinhas são particularmente afetadas nas regiões da Apúlia, Abruzzo e Molise, mas também na Basilicata, Umbria, Lazio e Toscana. A razão para a infestação maciça é a chuva invulgarmente forte e recorrente em maio e junho.
Porque estou relatando isso? Porque os efeitos óbvios serão preços elevados dos vinhos das regiões afetados, possível queda de qualidade e menos quantidades na exportação incluso…
* Stefan Massinger nasceu na Áustria, sul de Viena, numa região de vinhos. Vive em Caraguatatuba, conhecido no litoral norte paulista pelas atividades da empresa Marevino, que fundou em 2017, sendo hoje especialista de vinhos da Bodega Dante Robino na Ambev no litoral norte paulista e embaixador da SixWine. Ele atua na consultoria personalizada sobre vinhos para consumidores, empresas, gastronomia e eventos corporativos ou casamentos.