Uma campanha política não é feita por uma só pessoa, um único grupo, um pensamento isolado, mas sim por várias pessoas que irá liderar, por vários grupos de diversos segmentos e por uma união de pensamentos que farão o seu norte político. Esta adição de interesses lhe dará uma dívida política que terá que administrar. Até que ponto essa dívida lhe será benéfica ou irá lhe atrapalhar???.
Para concorrer a um pleito político dificilmente você terá chances se disputar os votos apenas com o seu grupo e partido almejando a maioria dos votos. Para isso o seu partido deverá ter uma insuperável hegemonia política na cidade ou região, um time de Cabos Eleitorais do mais alto nível, um substancial reforço financeiro e um time de Vereadores invejável. Neste caso fantasioso fica fácil vencer as eleições e compor o seu time de Secretários e Assessores objetivando o bem comum, o progresso da cidade e a reeleição.
Mas como fantasiosa essa situação é, para ganhar a eleição, será necessário montar um time de tamanho e qualidade, com vários segmentos políticos, líderes comunitários, um escrete de candidatos a Vereador dos mais variados, uma boa reserva de caixa e um grupo de ideias para todos os gostos e interesses, o que lhe transforma num devedor político no caso de vitória.
Assim como todo devedor, quando você contrai um empréstimo, uma dívida, tem por obrigação pagá-la e como esse pagamento deverá ser feito na modalidade política e não financeira, os grupos que o apoiaram serão os recebedores. Esse é o grande “X” da questão.
Abordar esta questão pelos parâmetros da Ética e Honestidade se faz desnecessários, pois desconsiderá-los seria não pagar a dívida política contraída durante a campanha. O quesito Dívida Política é delicado, meticuloso e pode estragar todo um trabalho que levou meses para se concretizar.
O pagamento se dá com os grupos políticos recebendo a sua parte, ou seja, apoiaram o candidato na campanha e agora querem uma fatia do bolo, um pedaço da gestão nos próximos 4 anos, ou melhor, 8 anos, pois a intenção é conseguir a reeleição. Um dos grandes problemas é que este apoio é bem vindo durante a campanha, mas depois de eleito você sabe que muitos destes apoiadores não têm condições de impor o ritmo de trabalho e realizações que você espera. É aí que a situação se torna delicada; manter o apoio ou calotear a dívida política???
Trair o pagamento político é iniciar a sua gestão com a primeira crise política, ou seja, o grupo que o apoiou tornando-se oposição, invalidando seu nome perante a população, no meio político e colocando o gerente geral desta empreitada como um traidor. Ao mesmo tempo você pode manter o trato anterior, vencer a eleição e dividir o poder com aqueles que o apoiaram, mesmo sabendo que eles não irão produzir o necessário que você precisa para um quadriênio difícil que é o de administrar uma cidade.
Por outro lado cabe uma análise, agora pelo lado da Ética. É certo apoiar um candidato pensando num pedaço do bolo posteriormente??? O certo não seria que o partido apoiasse determinado candidato por causa de suas ideias e por entender que ele seria o ideal para governar uma cidade ou estado, sem que necessariamente seja exigência abocanhar uma fatia do poder??? Realmente este não é um jogo de amigos e muito menos de simples ideais. Política e Eleição é um jogo de poder, onde uma liderança e uma ideia sucumbem as demais derrotadas e a única prioridade honesta seria a do interesse público e popular, principalmente dos mais carentes que padecem diariamente.
Sabemos que este texto é pura teoria, um dos poucos momentos de 90% de inspiração de um Jornalista, mas cabe a nós, ao lermos, pensar que decisão devemos tomar, que lado devemos escolher, qual opção devemos assumir, pensando apenas em si ou nos muitos que pouco tem.