A onda dos rosés correndo risco para se tornar em tsunami

*Stefan Massinger

 

Escrevi nas colunas anteriores sobre a onda dos vinhos rosés. Que “beber rosé” está na moda e como isso influencia preços, produtores e numa certa forma as exportações de vinhos rosés. Agora chega uma notícia não tão positivo sobre esta onda de rosés. Como o wein.plus, um dos mais renomados jornais do mundo do vinho europeus cita, o mercado dos rosés está entrando em sérias turbulências. Na França, as vendas de vinhos rosés podem até entrar em colapso devido à crise das matérias-primas. “Há uma preocupação real em abastecer o mercado com rosé”, disse Stéphane Friez, chefe nacional de vinhos da rede de supermercados Intermarché, à revista de vinhos Vitisphere.

“Devido à alta demanda e baixa oferta, atualmente não temos mais garrafas transparentes. Não sabemos o que devemos usar para engarrafar nossos vinhos rosés em julho”, explicou Friez. Nunca houve “tamanha pressão para garantir o fornecimento”. Além da drástica escassez de garrafas transparentes, o aumento dos preços e os longos prazos de entrega ameaçavam o equilíbrio entre oferta e demanda. “As entregas são inesperadas, não sabemos mais o que vamos receber quando. Estou afetado por aumentos de preços irracionais, isso realmente me preocupa”, disse Friez.

Isso também é confirmado pelo comerciante de vinhos Allan Sichel, vice-presidente do Bordeaux Wine Trade Council (CIVB). Ele relata que alguns de seus colegas estão sendo obrigados a colocar vinhos rosés em garrafas verdes porque “têm que encontrar soluções de curto prazo”, mas os vinhos em garrafas verdes são muito menos atraentes para os clientes.

“Faremos tudo o que pudermos para evitar que os vinhos de denominação e marcas próprias sejam engarrafados em verde”, salientou Stéphane Friez, “mas isso depende do que recebemos dos produtores grandes e pequenos”. Ele teme: “O mercado pode entrar em colapso”. Resumindo – a onda dos rosés pode se tornar em um tsunami, ameaçando as vendas drasticamente por causa da embalagem. Por causa das tradicionais garrafas transparentes. – Uns caros leitores da minha coluna agora poderiam pensar – e daí, podemos engarrafar os rosés em garrafas verdes, garrafas PET, ou que seja. Afinal o liquido é o mesmo…, mas não é bem assim, como pensa o produtor e muito menos o consumidor dos rosés europeus, principalmente o consumidor francês. Simplesmente inadmissível de engarrafar rosés em garrafas verdes ou de um outro material. Pois é – a estética e o respeito e carinho pelo produto, pelo vinho, começa e se manifesta também em outros elementos na Europa não apenas no próprio liquido. – e por isso sim é uma tragedia, se realmente terá falta drástica de garrafas transparentes de vidro para os queridos rosés. Porque simplesmente substituir para garrafas verdes deixaria as vendas cair de mesmo jeito, sendo rejeitado pelos consumidores. … O que fazer então …?

Continuarei observando esta situação e vou relatar aqui assim que houve notícias sobre este fenômeno, que ao meu ver é um efeito colateral da Pandemia. Lockdowns, causando pouca produção e quando “abriu tudo de novo” muitas embalagens estavam ou estão em falta no mercado. Não terá solução fácil sem sentir mudanças em preço, quantidades, atrasos em engarrafamento e chegada no ponto de venda …

 

* Stefan Massinger nasceu na Áustria, sul de Viena, numa região de vinhos. Vive em Caraguatatuba, sendo master do grupo Wine, o maior e-commerce de vinhos da América Latina, responsável para gestão de pessoas e vendas. Também já trabalhou com venda de vinhos e atua também como consultor independente de negócios.

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