ACEC é uma Cinquentona que perdeu a identidade

 

Fachada ACEC 10

 

A entidade que reúne e congrega esforços para o desenvolvimento do comércio e dos comerciantes em Caraguatatuba está completando 65 anos de existência. Entidade de classe antes elitista mas sempre corporativista a Associação Comercial (AC), depois Associação Comercial e Industrial (ACIC) e atualmente Associação Comercial e Empresarial de Caraguatatuba (ACEC) já foi usada como trampolim político, forma de ascensão social e cultural e símbolo de poder entre comerciantes e prestadores de serviço na cidade. Atualmente é uma das diversas entidades de classes existentes no município que luta a duras penas para se manter e mesmo assim chegou ao apogeu entre as demais, perdendo sua identidade principal ao longo dos anos, principalmente na área social e de interação com o comerciante local.

A Associação Comercial nasceu para defender os interesses dos comerciantes de Caraguatatuba, que precisavam de mecanismos para se adaptar aos novos tempos e de informações para não vender a prazo para clientes inadimplentes. O que antes era uma entidade elitista, que protegia apenas poucos comerciantes, hoje tornou-se corporativista, pois protege apenas a categoria e ao mesmo tempo política, pois foi usada como trampolim político e atualmente briga mais pela cidade do que unicamente pelo comércio.

O BLOG CONTRA & VERSO recebeu diversas informações que dão conta da perda de identidade da entidade ao longo dos últimos anos, principalmente na área social, que mais se aproxima do corporativismo que toda entidade como esta deve ser.

Dentre as informações estão a de que não há critério técnico para a Pesquisa da Empresa Nota 10 e que os premiados o são por acordo e não por votação da maioria. De acordo com as informações o Baile do Comércio, que não é mais realizado, homenageava o comerciante que mais se destacava no ano. Já a pesquisa promove a concorrência desleal, pois mostra o vencedor da categoria como o melhor e por isso, o mais procurado pelo consumidor. Além do fim do Baile do Comércio evento com o Miss Comércio não mais figura entre os realizados pela entidade. Festa que reunia os comerciantes e a classe jovem da cidade numa disputa amigável pela beleza e alegria.

Outras reclamações dão conta da falta de divulgação de reuniões e do Edital para informações de praxe. O fim do Odonto Acic, a extinção da Xerox do associado e da falta de apoio a Zona Azul e o Carnaval de antigamente. Há também o questionamento quanto a eleição dos ex-presidentes Paulo Bijos e Rui Coutinho, que não tem atividade econômica e não poderiam presidir a entidade.

Para apurar todas estas denúncias o BLOG CONTRA & VERSO foi até a sede da ACEC e conversou com o seu atual presidente, o Corretor de Imóveis Roberto das Mercês. Segundo Robertinho, como é carinhosamente conhecido a ACEC tem hoje 1.300 sócios, sendo 700 profissionais liberais que se filiaram por causa do convênio médico com a Unimed, que pagam r$ 23,00 mensalmente, sendo que os 600 restantes são comerciantes instalados na cidade.

O presidente conta que Caraguatatuba tem cerca de 6 mil comércios em funcionamento, número esse relacionado a uma cidade de aproximadamente 200 mil habitantes. “O número pode ser grande, mas desse total, 50% são de comércios irregulares e sendo assim, do restante regular temos 20% de associados”, disse, sem mencionar qual a porcentagem de comerciantes que aderem ou se desfiliam da entidade. “Os comerciantes não tem a consciência de melhorar e se regularizar. Precisamos de apoio para desenvolver e não temos o devido retorno”, enfatiza, citando que cada comerciante paga r$ 46,00 mensais.

Quanto as reclamações Robertinho devolve citando que a ACEC tem uma das melhores campanhas de Natal da Região Metropolitana do Vale do Paraíba, premiando os consumidores com até 3 carros zero quilômetro. “Para fazer isso buscamos patrocínio e vendemos produtos, além de buscar novos sócios pela cidade”, frisou.

A falta de apoio é a principal reclamação do atual presidente que dirige a entidade pela primeira vez e não quer tentar a reeleição. Ele exemplifica citando um caso ocorrido no Calçadão da Santa Cruz. “Certa vez os comerciantes do Calçadão vieram pedir a nossa ajuda. Dos 80 reclamantes apenas 8 eram sócios, houve evento agendado e daquele total 40 confirmaram a presença, mas na hora apenas 16 compareceram. Continuamos lutando, tentando, perseverando”, disse. A falta de presença e inscrição em cursos, palestras e seminários, na sua maioria gratuita ou a preços baixos é gritante.

Quanto as reclamações o Presidente Mercês respondeu uma a uma. “A Pesquisa Empresa Nota 10 premia aqueles que mais investem na divulgação de seu nome e por conseguinte, num número ainda maior de clientes, lucro e desenvolvimento. Essa é a principal essência da pesquisa e nunca em mostrar quem é o melhor em cada categoria”, indagou. Já o Baile do Comércio foi extinto por falta de recursos. “Não sei dizer quando acabou este evento, mas prefiro direcionar os recursos para outros eventos. Este ano faremos um belo baile, mas para comemorar os 50 anos de existência da entidade”, frisa.

O fim do Concurso de Miss Comércio é outro evento que o atual presidente desconhece quando terminou. “Não peguei este evento quando entrei para a ACEC, não sei dizer quando terminou e não sabia que era organizado pela entidade”, explica, dando a mesma alegação para o Odonto Acic, não sabendo dizer quando encerrou. Quanto aos Editais, Roberto das Mercês informa que não há falhas neles ou nos convites para Conselhos Vitalícios.

A questão da Zona Azul foi amplamente discutida e debatida na sede da entidade, com reuniões e a vinda do Diretor do Trânsito na época, Major Amandes. Já o Carnaval o Presidente da ACEC alega não ter recebido nenhuma reclamação ou pedido formal de ajuda. “Seja o povo ou o comerciante, eles gostam de reclamar mas não usam os canais necessários ou obrigatórios para isso”, conta. Finalizando, quanto a atividade econômica dos ex-presidentes, Robertinho responde que Paulo Bijos é sócio numa Construtora e Coutinho é profissional liberal inscrito como Jornalista. Na revista Interface, editada mensalmente pela entidade, Paulo Bijos aparece como advogado.

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