O Jornal Info Imóveis na sua edição de lançamento abordou se a cidade estava preparada o Crescimento Imobiliário. Uma seleção de pessoas categorizadas e que vivem o dia-a-dia da cidade falaram sobre o assunto.
Na sua edição seguinte o Jornal continua fazendo a mesma pergunta, só que por um outro ângulo: Quando o Meio Ambiente barra o Crescimento de uma cidade??? Ou Quando o Crescimento de uma cidade auxilia o Meio Ambiente???
Para resolver esta questão convocamos duas das cabeças mais focadas neste assunto; O advogado especialista em Meio Ambiente, Marcos Lopes Couto e o atual Secretário Municipal de Meio Ambiente, Agricultura e Pesca, o Engenheiro Civil Auracy Mansano.
Quando o crescimento auxilia o meio ambiente?
Se formos considerar como crescimento o aumento populacional, a expansão das áreas urbanas sem planejamento e ocupadas desordenadamente poderemos afirmar como toda certeza que NUNCA!
Mas se utilizarmos em vez de crescimento o termo desenvolvimento poderemos encontrar algumas situações em que o desenvolvimento auxilia o meio ambiente. Quais situações são essas?
Tomemos como exemplo as ocupações urbanas. Quando existe um planejamento urbanístico, o respeito a legislação ambiental brasileira (que por sinal é a mais completa e complexa do mundo) e sobretudo o acompanhamento e a participação do poder público de forma a ordenar para que sejam respeitados os padrões urbanísticos poderemos afirmar que o desenvolvimento auxilia o meio ambiente.
Outra situação em que o desenvolvimento auxilia o meio ambiente é quando esse desenvolvimento gera uma melhoria do ponto de vista econômico, tanto paras empreendedores quanto para o poder público e a população em geral. Essa melhora pode ser revertida em obras de infraestrutura e serviços públicos (coleta de esgoto, tratamento e distribuição de água, luz, coleta de resíduos sólidos, projetos de educação ambiental) mas novamente deve ser ressaltado tudo isso com planejamento e respeito as legislações.
Mais um exemplo de desenvolvimento auxiliando o meio ambiente é que quanto melhor a qualidade de vida da populações menor é a tendência de degradação pois, convenhamos que não é por vontade própria que uma família de baixa renda ocupa uma área de risco, tendo essa sido a única escolha de local para moradia.
Porém, como tudo isto exposto chegamos a uma conclusão: o desenvolvimento pode sim auxiliar o meio ambiente, desde que sejam respeitadas as legislações pertinentes, o poder público tenho meios para controlar e fiscalizar (o que depende de verba e recursos humanos) e a população tenha acesso a educação para termos uma consciência da importância do meio ambiente.
Por Auracy Mansano
O Meio Ambiente pode ajudar no desenvolvimento de Caraguatatuba?
Considerar esta questão implica em entender seu contexto. Caraguatatuba é uma cidade com cerca de cento e dez mil habitantes, localizada no litoral norte do estado de São Paulo, com clima tropical atlântico, com cerca de 80% de seu territorio integrado ao Parque Estadual da Serra do Mar, uma unidade de conservação estadual de categoria integral.
Sua estrutura econômica esta em franca transição, de um modelo típico de cidade voltada ao comércio sazonal de estância balneárea e ocupação territorial para segunda residência, servindo de destino de lazer de baixo custo para a população de São Paulo Capital e Vale do Paraiba, alterando-se para uma nova cidade que pretende ser o centro economico gerencial da região do litoral norte paulista.
Características naturais como sua posição geográfica no centro do litoral norte, uma vasta planíce central apta a receber investimentos e projetos de desenvolvimento urbanistico e industrial; a instalação da unidade de tratamento de gas da Petrobras; ampliação do Porto Organizado de São Sebastião que demandará novas áreas retroportuarias, somando-se a todo este contexto a recente aprovação e vigência do Plano Diretor Municipal (2011), induz este destino de centro econômico regional do litoral norte paulista.
O desafio que se apresenta é como gerir este desenvolvimento equilibrando os interesses de preservação e conservação do meio ambiente natural com os interesses de transformação e construção do meio ambiente artificial.
Este equilibrio não é um ideal a ser atingido e sim uma meta a ser preseguida. Caraguatatuba hoje, esta construindo o seu caminho do amanhã. A seu favor tem um território rico, com um dos biomas mais diversificados e exclusivos do planeta, um metro de mata atlantica guarda mais biodiversidade que um metro de floresta amazonica. O clima é agradável, seu territorio está praticamente preservado, com suas funcionalidades ambientais saudáveis e equilibradas. Existe território para o desenvolvimento urbanístico e ou industrial sem comprometer este equilíbrio.
Saber como organizar esta nova matriz de desenvolvimento, integrando os atributos ambientais aos artificiais é o desafio de agora. O governo do estado esta organizando o sistema de gestão das unidades de conservação, que somando-se aos planos de manejo será oportunizada a visitação mais intensiva das unidades de conservação bem como no desenvolvimento destas unidades. O desenvolvimento de esportes náuticos, sempre é um convite a novas iniciativas empresariais, novas estruturas de apoio à atividade vêm se estabelecendo na região.
Contudo a qualidade e saúde deste mesmo meio ambiente é fundamental. A qualidade de balneabilidade das praias, o controle das fontes de poluição, gestão adequada dos residuos sólidos, fiscalização das ocupações de áreas de proteção permanente e encostas, defesa de biomas sob-risco como os manguezais, são ações imprescindíveis e que devem ser implementadas e mantidas sem exceção.
Assim, esta construção do amanhã deve ser o resultado de um pacto político entre sociedade e governo. Os instrumentos de gestão já existem e estão à disposição de todos. Para que nossa cidade em 2030, seja reconhecida nacional e internacionalmente como uma cidade modelo de equilibrio entre preservação ambiental e desenvolvimento economico e social, exige-se necessariamente muito trabalho, planejamento e comprometimento político de todos, não só dos governantes, de outra forma, estaremos todos, desperdiçando os espetaculares “insumos econômicos ambientais” que a natureza oferece à Caraguatatuba. Acaso quem pense que 2030 esta muito longe, lembre-se que se uma criança nasce-se agora, teria 16 anos em 2030. Se existe uma ceteza é que, para aqueles que hoje pretendem conviver em Caraguatatuba de 2030, nosso sucesso ou nosso fracasso, será NOSSO.