Minha Vida era uma eterna Tempestade (Parte III)

Por Marcelo Veríssimo *

 

A vida de Eustáquio, o nosso personagem que ilustra essa série sobre Dependência Química em nossa coluna no blog “Contra & Verso”, é digna de um livro. Hoje ele nos conta que, depois de subir aos céus durante suas viagens com substâncias psicotrópicas ele diz que foi ao inferno e lá permaneceu durante muito tempo até traçar o caminho de volta à luz. Um caminho que, segundo Eustáquio, terá que manter para o resto de sua vida. “Perdi tudo, mas acima de tudo perdi minha dignidade, minha paz que são os bens mais preciosos da vida humana”, ele diz.

Depois de não ter mais condições financeiras de manter seu uso de crack, sentir na pele os transtornos causados pela droga, que é uma das mais perigosas Eustáquio diz que se viu sozinho, sujo, magro e percebeu que, literalmente, tinha chegado ao fim da linha, ao fundo do poço. “Mas a vontade de usar ainda era maior. Para quem desenvolve a doença da dependência química, sabe que chega a um ponto que não é impossível parar”.

O indivíduo perde a noção. Tudo me era dado. Eu tinha alcance para o que desejasse, na medida e distância dos meus dedos e anseios. Perdi tudo, fiquei só com a roupa do corpo, em certas ocasiões, até a roupa que vestia era moeda de troca por mais uma. “E novamente repito: resolvi falar sobre minhas experiências neste mundo negro para que mais pessoas que estejam indo por este caminho possam ler e perceber o que não fazer”.

Aparentemente, diz Eustáquio, um caminho sem volta. Mas ele diz que é possível e vai nos explicar em uma próxima ocasião.

 

* Marcello Veríssimo, 41 anos, é jornalista no Litoral Norte de São Paulo. Formado pela Universidade do Vale do Paraíba, em 2001, passou por praticamente todos os jornais impressos, revistas e portais de notícias da região, incluindo o extinto “Vale Paraibano”, em São José dos Campos.

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