Muitas vinícolas portugueses na beira da falência

*Stefan Massinger

Conforme um relatório da site drinksforbusiness e do renomado jornal wein.plus as notícias que chegam do península Ibérica, da boa e velha terrinha portuguesa para ser mais especifico, não são animadoras. A associação portuguesa de comerciantes e exportadores de vinho, Anceve, pediu apoio ao governo pouco antes da colheita este ano, já que o aumento dos custos está “a levar a indústria à beira da ruína”. Segundo Anceve, a contínua subida dos preços das matérias-primas, materiais de engarrafamento e transporte é responsável pela instabilidade económica da indústria vitivinícola portuguesa. Especialmente, os pequenos e médios produtores, que constituem a maioria do setor vitivinícola em Portugal, correm o risco de falência sem apoio do governo, escreve a associação em comunicado.

Os produtores só poderiam ter aumentado seus preços em cerca de dez por cento. No entanto, isso não é suficiente para cobrir os custos, “para que a grande maioria tenha grandes perdas no final do ano – se é que o fazem”, alertou a associação. Anceve criticou o Ministério da Agricultura por sua falta de apoio e a descreveu como “excessivamente burocrática” e “sem orientação”.

Segundo Anceve, há muitas formas de intervenção do governo português. Por exemplo, os investimentos no armazenamento de barris e garrafas devem ser subsidiados. Além disso, a associação está exigindo apoio sem juros do tesouro estadual para que as cooperativas possam pagar seus fornecedores de uva após a colheita. Além disso, deve haver maior sustentação dos preços do diesel agrícola. Atualmente custa 1,80 euros por litro em Portugal.

Ou seja – a fase pós-pandêmica com seus efeitos difíceis no mundo inteiro em termos de falta de matérias primas, gargalhos na logística, custos elevados chegou nos pequenos e médios produtores dos vinhos. A dilema é igual em todos setores – não todo aumento de custos pode ser repassado pelo mercado, porque simplesmente os clientes não aceitarão. E no caso do Portugal e Europa não podemos classificar vinho como algo supérfluo, produto de luxo ou similar. Na cultura do velho mundo o consumo de vinho está enraizado na cultura e gastronomia de dia a dia.

Além disso é uma verdadeira indústria, que é um fator importante no setor agrícola, emprega muitas pessoas diretamente e indiretamente. Então pedir ajuda para os governantes será uma saída da crise para arcar com os custos elevados e para evitar falência, perda de sabedoria sobre este produto milenar, perda de empregos para muitos e um esvaziamento nas variedades de vinhos produzidos. – E pensando assim isso também não passaria “de graça” para os governos. Seria viável então de estudar uma forma menos burocrática possível para ajudar os pequenos e médios produtores pelo bem do setor e da economia portuguesa no geral.

Não precisamos ser profeta, mas acompanhando as secas atuais do 2022, as safras em 2023 serão bem menos voluminosas e assim, precisará menos envasamentos, porque haverá menos vinho. – Logicamente o preço também seria mais alto, seguindo a regra de oferta e demanda. Resumindo – atualmente temos uma crise de suprimentos, preços elevados, que precisa a juda do governo português, os preços dos vinhos estão subindo par arcar pelo menos uma boa parte dos custos envolvidos. No ano que vem estas dificuldades poderiam ser ultrapassados pelas medidas tomadas ainda este ano, mas os preços dos vinhos subirão, por falta do “liquido” causado pelas secas. De qualquer forma vinho europeu está sendo mais caro e vai subir mais ainda…melhor encher a adega agora então!

 

* Stefan Massinger nasceu na Áustria, sul de Viena, numa região de vinhos. Vive em Caraguatatuba, sendo Master do grupo Wine, o maior e-commerce de vinhos da América Latina, responsável para gestão de pessoas e vendas. Também já trabalhou com venda de vinhos e atua também como consultor independente de negócios.

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