*Beá Moreira
Sabe, Universo,
deste verso,
ninguém precisa saber!
É um verso tão perverso…
Doído até de escrever!
Esse verso é o reverso
Do que eu queria dizer!
Anteverso, controverso,
Verso de nunca se ler.
Este verso estava imerso
No mais profundo,
em meu ser!
Dolorido, complicado,
Tão difícil de fazer…
Verso náufrago, afogado!
Isolado, a se esconder!
Verso que vem à tona,
Verso a me atormentar!
Cavalgo, feito amazona
Verso, Pégaso a voar.
Esse tal verso malvado,
Em lágrimas lá,
do além-mar!
Chegando, assim, conturbado,
Sem freio, a me atropelar!
Um verso tão apressado,
Tão fugaz, a galopar!
Montado nas costas do tempo,
Me aperta, até sufocar!
Esse verso traz lembranças,
Traz memórias e saudade.
Fala de tanta coisa…
Promessa de eternidade…
E ele, verso tão maldito,
Mexe com minha emoção!
Faz o meu corpo aflito,
Dispara o meu coração!
Esse verso conta coisas
Que vão me fazer chorar!
De desencontros, distâncias,
Caminhos a bifurcar!
Esse verso é verso triste,
Que fala de angústia e de dor.
Esse verso, porém, só existe
Porque existe uma estória de amor!
*Beá Moreira é Cientista Social, e escreve um pouco de tudo, às vezes em versos, às vezes em prosas… Às vezes, ao inverso, pois nem tudo são rosas… Faz, em seus textos um convite ao leitor, de todas as idades, para um bate-papo sobre a vida, sobre as coisas, sobre gente, e, sobretudo, sobre nós.