*Stefan Massinger
Já entramos no fim de 2022 e como é de costume, reunimos nossos entes queridos na mesa e celebramos o aniversário do menino Jesus com boa comida, e claro, com boa bebida. Vinho não pode faltar nesta tradição. E sempre antes do natal estou sendo contactado por muitas pessoas, me perguntando para aquela “combinação perfeita” das comidas e vinhos para a ceia de natal.
Pois bem. Em primeiro lugar, não terá algo como perfeito, receita única, solução mágica, para todas as ceias de natal. Mas vou escrever aqui sobre os vários aspectos envolvidos e como nos podemos resolver tudo para deixar o momento da ceia de natal inesquecível.
Começamos a ideia da harmonização com as pessoas envolvidas. Sim, as pessoas, não a comida! Porque sabemos que tem o tio, que adora os reservas portugueses, a vovó, que quer o nacional docinho, o primo chato, que só bebe vinho caro, mas entende pouco e a mãe tímida, mas sábia, que realmente leu e está seguindo dicas como harmonizar vinho com comida. Então achar “o vinho” para esta galera é algo bem complexo, vamos concordar. E por esse motivo muitas mesas brasileiras servem a boa e antiga gelada loura, a cerveja da marca estilo comum e preço médio, que não dá briga. (“é o que tem” e pronto…)
Mas vamos inverter essa situação. Começaremos pensando no clima do natal, não estou pensando em paz e amor, pensando no clima literalmente, pensando em calor de +30°C mesmo. Então esqueça todos vinhos muito encorpados, porque não vão cair bem – para ninguém nesse calor. Isso nos leva aos vinhos tintos mais leves como Pinot Noir, Merlot, Garnacha e uns jovens Tempranillos. – Claro ainda não falamos sobre brancos, que nos ofereceriam excelentes opções também, como Torrontes, Sauvignon Blanc, Riesling ou até um Viognier para algo mais frutado.
Tendo estes tipos de uvas em mente vamos agora ver o que será consumido – a famosa “harmonização” com a comida. Então, pensando mais uma vez em uma noite bastante quente no nosso verão tropical, as saladas e perus e uns pernis de forno e eventualmente bacalhau serão os clássicos natalinos. – servido com arroz, com ou sem uva-passa, mas aqui não quero entrar nessa polemica para descomplicar nossa missão. Então mais uma vez os vinhos mais leves e menos complexos seriam as estrelas da noite.
Resumindo, eu, como cavista e pessoa que adora harmonizar, cozinhar, beber e comer, eu poria na minha lista dos vinhos, aqueles que agradam todos os membros da família. Vinhos de compromisso mesmo. Vinhos leves, gastronômicos, sem gastar demais à toa e sem serem muito complexo. E na dúvida sim, porque é natal, abrirei até dois ou três vinhos diferentes para agradar tanto os membros da família da torcida dos “docinhos” com algo mais frutado quanto a torcida dos “vinhos de verdade”, e os eno-chatos da turma também.
E se quiser saber se existe um coringa para tudo? Sim, ele existe! O bom e velho espumante brut, servido com 6-8°C, nunca lhe deixaria na mão nessa ideia de harmonizar a ceia de natal com as comidas servidas. E para agradar todo mundo e deixar todos mesmo no espirito de paz e amor, abrirei um vinho do porto, forte e doce para ser consumido com o panetone, pavê de nescau, torta de abacaxi da tia e tudo que terá nesta noite maravilhosa como sobremesa!
Chegando no final do ano, espero, que tenham gostado das minhas dicas de harmonização. Agradeço demais a sua fidelidade de ler a coluna “Bardo do Baco” o ano todo e vamos voltar com mais historinhas e fatos curiosos do mundo do vinho em breve!
Feliz natal, bons momentos com bons vinhos em boa companhia e boa proza para todos!
* Stefan Massinger nasceu na Áustria, sul de Viena, numa região de vinhos. Vive em Caraguatatuba, sendo Master do grupo Wine, o maior e-commerce de vinhos da América Latina, responsável para gestão de pessoas e vendas. Também já trabalhou com venda de vinhos e atua também como consultor independente de negócios.