A chamada Zona Azul é nada mais nada menos do que o sistema rotativo de estacionamento em áreas públicas. Este sistema foi criado para dar chances aos motoristas que necessitam estacionar seus carros em áreas privilegiadas onde o número de vagas é menor do que a procura na região. O sistema nasceu em Caraguatatuba no ano de 1997, na primeira gestão do então Prefeito Antonio Carlos da Silva, gerando muita controvérsia quanto a operacionalização, escolha e gerenciamento do sistema, sendo cancelado posteriormente.
Passados 15 anos e novamente tendo Antonio Carlos da Silva no comando da cidade que está mais velha, aumentada, maior e com mais carros rodando por suas velhas ruas e avenidas, a população pediu a volta da Zona Azul. Em 2012 a Lei Complementar 46, de 6 de novembro de 2012 instituiu o sistema rotativo de estacionamento e no ano seguinte o Decreto 32, de 18 de março de 2013 estabeleceu o quadrilátero de alcance e demarcação do sistema, custos por hora para carros, motos e outros, as isenções e o número de vagas, na época 1.600 para carros e 755 para motos.
O raio de ação da Zona Azul em Caraguá ficou de certa forma assim distribuído: da Avenida Miguel Varlez até a Avenida Engenheiro João Fonseca e desta para a Avenida Dr. Arthur Costa Filho – Avenida da Praia, até a Praça Dr. Cândido Mota e Rua Altino Arantes. Estranhamente esta reedição da Zona Azul não teve o mesmo impacto, agilidade e dinamismo da ocasião anterior, visto que a Lei Complementar foi feita em 2012, o Decreto que criava as regras surgiu apenas no ano seguinte e o seu real funcionamento 12 meses depois e mesmo assim, com a declaração do Secretário de Trânsito da época de que não haviam sido catalogados e oficializados todos os pontos de venda.
Quando se fala em venda a Zona Azul em Caraguatatuba optou pela venda diretamente a funcionária da empresa terceirizada ou a compra pela Internet, bem como nos pontos de venda, espalhados pela cidade.
Ao longo do ano anterior surgiram reclamações quanto ao sistema e a quantidade de ruas e vagas direcionadas e tendo em vista estas manifestações, a Prefeitura fez por bem reduzir o número de ruas e vagas, sendo que das 2.355 vagas anteriormente separadas, hoje existem apenas um pouco mais de 1.900.
Para o Secretário de Trânsito, Segurança e Defesa Civil, Coronel Cláudio Miguel Marques Longo o sistema de Zona Azul é a maneira legal de disciplinar o trânsito e eliminar o flanelinha (clandestino), que extorque dinheiro dos motoristas. “Com a Zona Azul a cidade ficou com o trânsito mais tranqüilo, mas mesmo assim precisamos adaptar mais”, disse, referindo-se a regularização da ocupação das vagas no trânsito com a adição de outros sistemas como o Parquímetro.
Se por um lado o sistema organizou as vagas numa região do centro da cidade, por outro esta regularização não contemplou as expectativas da Prefeitura, que pouco fala sobre o assunto e da empresa terceirizada, a Sertel, que mostra-se descontente com os números mensais.
Para uma frota estimada em 55 mil veículos, de moto a carretas os números estão aquém do esperado. Segundo o contrato cada ponto de venda recebe 10% pelo valor vendido e a Prefeitura fica com 25% do valor gerado, que é repassado para a Secretaria Municipal do Idoso. Pelos números o leitor repara a variação na arrecadação.
MÊS | TICKETS | 25% PMC | TOTAL $ |
Setembro | 62.000 | 35.950,00 | 143.228,00 |
Outubro | 68.985 | 39.646,00 | 157.954,00 |
Novembro | 61.021 | 35.620,00 | 141.916,00 |
Dezembro | 73.929 | 44.752,00 | 179.025,00 |
Janeiro | 74.000 | 45.666,00 | 182.000,00 |
Fevereiro | 54.521 | 32.000,00 | 125.000,00 |
Segundo informações os números estão bem abaixo da estimativa da Sertel, que imaginava em torno de R$ 300 mil/mês ou cerca de R$ 10 mil/dia de arrecadação.
Num cálculo de médias as porcentagens estão realmente baixas. Em Setembro a média ficou em 32,6 carros por vaga utilizada; em Outubro esta mesma média foi de 36,3 carros/vaga e assim por diante, com médias de 32,1 em Novembro, 38,9 em Dezembro, 38,9 em Janeiro e 28,6 em Fevereiro, a mais baixa do semestre consultado. Estes mesmos tickets representam uma média com relação a frota municipal que vai 11% em Novembro, passando por 33% em janeiro e negativo em 1% em Fevereiro, ou seja, relacionando o número de tickets com o total da frota municipal.
A Sertel, empresa terceirizada do sistema de Zona Azul em Caraguatatuba explica que não tem efetuado multas, contradizendo alguns críticos que chamam Caraguá de “A Cidade das Multas” e que está “redemocratizando o trânsito local”. “Temos um padrão muito melhor do que em outras cidades”, disse Marcos Vinícius, Coordenador do sistema na cidade. “Falta um maior comprometimento do comércio para com o sistema e as falhas na Internet foram apenas durante a temporada”, esboça o coordenador.
Quanto aos usuários as informações são variadas. Simone Mota alega que usa diariamente, mas nem sempre encontra vaga para estacionar. Mário Redo é outro usuário diário e alega sempre encontrar vaga para estacionar. O Veranista Antonio Carlos, de Itatiba acha vaga sempre, porém acha que não deveria pagar, pois é isento na sua cidade. Uma operadora de ponto de venda da rua Paul Harris alega que o movimento de compra é mediano e que os usuários reclamam que cai o sistema.
O funcionário do estacionamento no Caraguá Praia Shopping informa que aumentou o seu movimento, visto que as pessoas preferem ficar o dia inteiro paradas ali e não precisar renovar, pagando apenas quando sair. O custo no estacionamento do Shopping é igual ao da Zona Azul, r$ 2,00 por hora. O mesmo funcionário que não forneceu o nome informou que os usuários gostariam que o sistema adotasse o Parquímetro. Uma funcionária da Sertel, conhecida como Azulete informa que sempre há vagas no centro e que fora dos limites da Zona Azul está sempre lotado, principalmente dos veículos dos trabalhadores locais. Informa também que há ruas no centro, dentro da Zona Azul que o comerciante fica estacionado o dia inteiro na mesma vaga, renovando o pagamento há cada 2 horas, o que contraria a Lei e o Decreto que regulamenta o sistema.