Desde que foi criada em 1998 a na época Divisão de Trânsito (Ditran) – hoje Secretaria Municipal de Segurança, Trânsito e Defesa Civil e seus Agentes Municipais de Trânsito – Marronzinhos, muito se falou, se fez e criticou sobre a malha viária local e seus usuários, os tradicionais motoristas. O que ontem era chamado de “Terra da Multa” ou “Indústria da Multa” hoje é citada como a cidade de alguns motoristas imprudentes.
A Divisão de Trânsito – Ditran, foi criada em setembro de 1998 fazendo parte da Secretaria de Serviços Municipais e contava com iniciais 25 Marronzinhos. Junto a nova divisão foi criada também a JARI – Junta Administrativa de Recursos de Infração, que julga as contra razões dos motoristas que sintam-se injustiçados pelas autuações a eles conferidas.
A divisão nasceu quando a cidade apresentava uma acentuada movimentação em sua malha viária e o movimento de trânsito sobrecarregava a Polícia Militar, que tinha a criminalidade de algumas comunidades para conter e controlar. Sendo assim o Prefeito da época, Antonio Carlos da Silva/PSDB, achou por bem criar um setor administrativo municipal que cuidasse do trânsito local, organizando-o e tirando da PM uma tarefa que mais se assemelha a um transtorno diário.
Com a criação do Ditran instaurou-se na cidade o slogan de “Cidade da Multa” ou “Indústria da Multa”, pelo fato de multar por multar e cada vez mais multas aplicar nos motoristas, sem que houvesse uma campanha de orientação e um período de adaptação para com os motoristas. Com o tempo as críticas se mantiveram, mas diminuíram de intensidade.
Nesse meio tempo o trânsito local também sofreu um revés, com a instalação do Sistema de Zona Azul, que meses depois foi cancelado, devido a críticas da população, a mesma que reclamava da falta de vagas para estacionamento no centro da cidade. As críticas se basearam na época no gerenciamento da empresa, sistema empregado para a cobrança, falhas no atendimento, preço cobrado, número e localização das vagas determinadas.
Atualmente Caraguatatuba tem uma frota estimada em mais de 55 mil veículos, que vai da mais simples motoneta a mais potente e pesada carreta, uma Zona Azul que foi reeditada em 2014 com apenas 1.600 vagas espalhadas pelo centro urbano e nervoso da cidade.
Antes de apresentar a versão da população serão demonstrados os números da Secretaria de Trânsito sobre as multas e os locais onde são mais aplicadas num período que vai de julho a dezembro de 2014. É bom frisar que do valor arrecadado com as multas, 50% vem para o município e o restante para o estado, que faz o processamento via Prodesp – Processamento de Dados do Estado de São Paulo.
As 10 maiores infrações cometidas no mês
Infração | Julho | Agosto | Setembro | Outubro | Novembro | Dezembro |
Velocidade acima permitida | 2861 | 2858 | 3029 | 2762 | 2520 | 1997 |
Não identificar condutor quando pessoa jurídica | 490 | 786 | 734 | 526 | 658 | 435 |
Dirigir usando Celular | 387 | 376 | 336 | 351 | 333 | 418 |
Velocidade acima mais de 20% a 50% | 386 | 430 | 465 | 373 | 304 | 275 |
Falta de Cinto | 317 | 263 | 406 | 562 | 530 | 418 |
Parar na faixa | 263 | 297 | 263 | 251 | 241 | 247 |
Estacionamento Proibido | 97 | 91 | 84 | 95 | 110 | 79 |
Conversão à esquerda em local proibido | 93 | 84 | 000 | 117 | 132 | 155 |
Avançar Sinal Vermelho | 83 | 81 | 000 | 000 | 000 | 000 |
Transitar Contra Mão | 76 | 80 | 74 | 112 | 109 | 188 |
Obs: Nem todas as infrações citadas aparecem no ranking das 10 mais nos últimos 6 meses, sendo trocadas outras de menor número
Os 10 locais onde mais são cometidas infrações
Local | Julho | Agosto | Setembro | Outubro | Novembro | Dezembro |
Frei Pacífico Wagner com Oswaldo Cruz | 1473 | 1067 | 1189 | 1101 | 884 | 765 |
Av. Praia centro/bairro altura 2077 | 552 | 355 | 641 | 779 | 857 | 653 |
Vereador Aristides Anísio bairro/centro altura do 594 | 385 | 209 | 685 | 77 | 000 | 000 |
Av. Praia bairro/centro altura do 169 | 373 | 254 | 417 | 441 | 468 | 323 |
Av. Geraldo Nogueira centro/bairro altura do 1400 | 340 | 216 | 180 | 000 | 000 | 000 |
Av. Geraldo Nogueira centro/bairro altura do 2114 | 339 | 250 | 305 | 394 | 342 | 269 |
Oswaldo Cruz com Frei Pacífico Wagner | 260 | 137 | 175 | 151 | 126 | 129 |
Av. Praia centro/bairro altura do 315 | 255 | 147 | 286 | 309 | 328 | 248 |
Av. Geraldo Nogueira bairro/centro altura do 644 | 127 | 114 | 197 | 276 | 225 | 194 |
Av. Geraldo Nogueira bairro/centro altura do 2114 | 100 | 88 | 129 | 158 | 132 | 145 |
Obs: Há outras ruas que aparecem no ranking dos locais onde mais se cometem infrações e por isso, os locais desta lista aparecem como zero em alguns meses.
Ao ser multado o motorista recebe em sua casa via correio uma notificação de trânsito. Nessa hora ele deve conferir o dia, hora e local onde foi autuado e alterar o nome do condutor do veículo no caso de não ter sido ele o motorista no momento da infração. É nesta hora que você percebe se há algum erro de forma que pode invalidar a notificação quando esta se dirigir para a autoridade de trânsito dar o seu visto.
No caso de deferimento por parte da autoridade de trânsito uma nova notificação é enviada, agora com valor e data de pagamento ou prazo para apresentação de recurso junto ao JARI – Junta Administrativa de Recurso de Infrações, que deve ser o mais explicativo possível com as suas alegações e defesa quanto a infração. O JARI se reúne 2 vezes por mês. Ao todo são apresentados cerca de 90 recursos e destes 10 são deferidos em média.
Os valores das multas variam de 4 a 7 pontos; Infração média – 4 pontos – r$ 85,13; Infração grave – 5 pontos – r$ 127,69 e infração gravíssima – 7 pontos – r$ 191,54 sendo que um total de 21 pontos invalida a Carteira de Habilitação.
Entre os usuários, leia-se motoristas a opinião da maioria fala mais em infratores e descumpridores da lei do que vítimas ou perseguidos, alegando que as penalidades financeiras são as melhores, pois atingem o bolso e causam impacto perante a população. Há os motoristas que falam apenas em notificação e não a lavratura de multas, pois as mesmas vem dos vícios adquiridos ao longo dos anos. Há também os motoristas que concordam com a infração cometida, mas alegam em contrapartida cometerem o mesmo erro dos Agentes de Trânsito, como o de transitar de moto com a viseira levantada.
É voz corrente entre nossos motoristas que há muitos “colegas” folgados e que os turistas são os mais desleixados. Outros mostram não terem cometido a infração de má fé, mas foram penalizados devido a falta de uma boa apresentação de recurso. A questão da segurança é usada como razão para transgredir o Código de Trânsito Brasileiro, como a de avançar o sinal vermelho de madrugada durante o feriado de Carnaval. Reclamações quanto a interpretação dos Marronzinhos tem espaço nas declarações dos usuários, a maioria alegando que foi autuada em noites escuras ou chuvosas e a uma certa distância com limitações.
Mais do que acusar a cidade de criar a “Indústria da Multa”, o motorista de Caraguá deve se conscientizar sobre as leis de trânsito e o benefício que causa respeitando-a, seja para viver melhor entre seus vizinhos, seja para economizar com tempo e dinheiro os recursos e eventuais multas. Obviamente exageros devem ser coibidos e para isso existem as instituições e a imprensa, como o BLOG CONTRA & VERSO.