Denominada como a “Capital do Litoral Norte” além de ser estrategicamente o Portal de Entrada da região, a cidade de Caraguatatuba é a mais populosa e detêm a segunda maior área da região. Depois de uma Tromba D’Agua na década de 60 a cidade foi crescendo lentamente e no momento enfrenta uma “Onda de Revitalização”, com a chegada da Base de Gás da Petrobrás, que modificou o dia-a-dia do município e deu uma boa dose de modernismo e expansão.
Mas o que acontece quando a sua cidade está revitalizada e em franca expansão? O primeiro e principal item é o do Crescimento Imobiliário. Obviamente para uma comunidade crescer são necessárias pessoas, famílias e um lugar para elas residirem. Tudo isso parece ser fácil e simples, mas não é. Dependendo da linha de pensamento e da maneira de como se vê o aumento o crescimento imobiliário pode ser consciente, equilibrado, feito sob medida e com estimativa para os próximos anos. Caso contrário o crescimento pode levar a favelização, a desordem, desorganização urbanística ou o caos propriamente dito.
Com a única pergunta; “Crescimento Imobiliário: Estamos Preparados?” o Jornal Info Imóveis ouviu as diversas vertentes ligadas a Construção Civil, Urbanismo, Imobiliárias, Materiais de Construção e os profissionais nela envolvidos para saber se Caraguatatuba está preparada ou não para o Crescimento Imobiliário que vem sofrendo.
Para o Secretário Municipal de Meio Ambiente de Caraguatatuba, Auracy Mansano a cidade está preparada. “Estamos preparados se seguirmos a legislação pelo desenvolvimento”. Ao mesmo tempo o engenheiro especializado em Meio Ambiente objeta que se o crescimento seguir caminhos diferentes da legislação o resultado não será igual. “Se a expansão seguir o crescimento sem ordem apenas não estamos e não estaremos preparados, aliás ninguém estará pois o crescer por crescer ocorre fora de controle e neste caso a lei não é seguida”, frisou. Os vários departamentos que seguem as regras do crescimento andam juntas? Para o Secretário a resposta é curta e grossa. “Aqui em Caraguá Estado e Município andam de braços dados. Cada orientação obtida na Prefeitura o contribuinte sabe que terá outras ordenações em órgãos estaduais”, completa Mansano.
Para o Corretor de Imóveis Rubens Teramae, da Quadra Imóveis a cidade terá um destino igual ao de Macaé, só que numa escala menor. “Caraguá é semelhante a Macaé e o que alavancou lá vai alavancar aqui graças a Petrobrás, só que numa escala menor. O crescimento imobiliário está numa velocidade maior do que a cidade pode suportar”, disse.
A também Corretora de Imóveis e Perita Judicial Gláucia Almeida aposta na infraestrutura local para apontar o crescimento da cidade. “Já estamos em crescimento nos últimos 5 anos. A preparação vem da nossa infraestrutura e temos números confiantes na cidade. Nos últimos 2 anos a bolha imobiliária baixou mas as pessoas tem vindo à Caraguá para investir em imóveis. De uma maneira geral estamos preparados, porém os investimentos em infraestrutura precisam continuar”, relata.
O responsável pelo Crea (Conselho Regional de Engenharia e Arquitetura) em Caraguatatuba, o Engenheiro Roberto Gyori fala pela entidade e sua categoria. “O Crea é o fiscalizador dos profissionais da obra. Temos grande número de profissionais formados com qualidade para o crescimento na região. O mercado expandiu bastante bem como o número de fiscalizações e posso garantir que estamos preparados para o crescimento pela qualidade de nossos profissionais”, esboça o engenheiro.
Ligado ao Crea há a AEAA-C (Associação dos Engenheiros, Arquitetos e Agrônomos de Caraguatatuba), que tem na venda dos seus livros de obra um dado importante sobre o Crescimento Imobiliário. Segundo a entidade a venda de livros em 2013 manteve o mesmo índice, sendo maior do que em 2012, sem informar maiores dados sobre o assunto.
Para Janos Majoros, Delegado Municipal do Creci (Conselho Regional de Corretores de Imóveis) em Caraguatatuba, a cidade teve um “boom” muito grande com muita procura. “Atualmente está parado devido ao aumento no valor dos imóveis”, disse. Para Majoros o que acontece hoje é que existem ciclos de alta e baixa que esbarram na falta de estrutura que irá acentuar com o final das obras da Tamoios.
O também Corretor de Imóveis Donizete Machado da Residencial Imóveis afirma categoricamente que a cidade está preparada. “Lógico que estamos!!! O crescimento da cidade vem dos últimos 3 anos. Atualmente não temos muitas áreas para venda e comercialização e as restantes se tornaram casas do tipo sobrado. O nosso mercado está preparado e temos bons profissionais e construtoras e para finalizar a Prefeitura está fazendo a parte dela”, frisou.
O advogado especializado em Meio Ambiente, Marcos Lopes Couto afirma que o preparo para o crescimento do mercado está aliado a vários pontos. “Antes de afirmar se estamos preparados ou não precisamos observar alguns itens: A disponibilidade de recursos hídricos e do sistema de esgotos. Ao mesmo tempo precisamos verificar os recursos elétricos e a mobilidade urbana da cidade. O Plano Diretor da cidade pensou isso ou não?”, pergunta. Couto afirma que um segundo item de questões diz respeito a renda, emprego e saúde. Segundo o advogado se tudo isso foi pensado os problemas serão menores, mas caso contrário o município irá direto para o caos. “Não se pode crescer sem ordenação, preparo e estimativas futuras”, completa.
O empresário do ramo de Construção Civil, José Pereira de Aguilar Júnior, da Zelar Construções argumenta que não estamos preparados. “O ano de 2014 será atípico. Carnaval em março, Copa do Mundo em Junho e Eleição em outubro e aí temos as obras da Tamoios que ajudam mas estão lentas. O meu maior medo é o “boom” imobiliário e no litoral estamos na contra mão pois o Vale do Paraíba está bombando e muito confiante”, disse mesmo tendo afirmado que as vendas tem crescido, mas não a ponto de tranquilizar o ramo.
O Corretor de Imóveis Celso Esteves, da Nova Freitas Imóveis afirma que tanto a cidade como o empreendimento que representa estão preparados. “Sim, prevíamos isso há mais de 5 anos e nos programamos para os próximos 10 anos, fazendo uma nova sede, moderna e nos baseamos no crescimento do litoral paulista, onde a nova opção é o Litoral Norte, tendo a Tamoios como o novo facilitador”, disse.
O maior construtor do momento, seguindo um caminho feito por Alcides Galvão, Juan Alarcon e Manoel Luiz Ferreira, o Arquiteto Wilney Cardoso, da Construtora do mesmo nome dá evidências de que o Poder Público é o principal mantenedor e organizador do crescimento imobiliário. “A Prefeitura de Caraguá está voltada totalmente para um conceito de futuro definido, evitando invasões, favelas e ocupação de áreas de risco. O aumento da população e os novos moradores é algo que não se pode evitar. O que se evita nestes casos é o crescimento desordenado e a Prefeitura vem com políticas públicas forte em habitação e preocupada com a criança e o social. Vejo que estamos preparados por que a Prefeitura está implantando leis e regras para gerir tudo isso, eu só espero que os sucessores sigam as mesmas linhas, caso contrário o negócio vira bagunça”, desabafa.
Por outro lado o Cartório de Registro de Imóveis, sob a batuta de Diego Salhane Perez observa que o problema são as áreas de posse e que a solução é a valorização da população. “Sobre a pergunta penso que a melhor resposta é sim e não!!! A comunidade está pronta para qualquer desafio. Temos capacidade técnica e vontade para resolver. No Registro de Imóveis estamos informatizados, recebendo e transmitindo arquivos e documentos eletronicamente, de modo virtual. Por outro lado temos o problema da posse que precisa ser regularizada e estamos trabalhando junto com a Prefeitura, o Poder Judiciário e o Ministério Público para isso”, confidencia.
A empresária e empreendedora da Center Trevo, Milena Santos da Silva Kono tem receio do descontrole. “Acho que não estamos preparados. Precisamos de mais estrutura. Tem muita gente, muita obra acontecendo e tudo muito caro. Temos que nos preparar mais na cidade com um melhor transporte público, esperando o Hospital Regional que logo virá. A Prefeitura está fazendo muito bem a sua parte mas tudo isso me assusta, pois está havendo um boom descontrolado onde estão construindo sem pensar e ficam com imóveis parados sem venda. Aqui na loja estamos vendendo bem mas há necessidade de mais estudo e previsão”, explica.
O que se vê é que o crescimento imobiliário de Caraguatatuba está aliado ao cumprimento das leis e ao preparo da infraestrutura feita pela Prefeitura, pois caso contrário haverá crescimento desordenado, bagunça estrutural e o caos social e ambiental. Basta seguir as regras para crescer com tranquilidade e equilíbrio.