Meu paladar ou uma premiação – em qual devo confiar mais?

*Stefan Massinger

 

Descobri no portal de noticias da emissora portuguesa SIC, uma notícia, que chamou minha atenção. É sobre vinhos e as premiações em concursos. Então, podemos realmente confiar nos prémios que são atribuídos aos vinhos? Um programa televisivo belga quis descobrir com uma experiência muito simples: fazer com que o pior vinho do supermercado vencesse um concurso internacional e, pasmem, ele realmente ganhou. O sommelier organizou uma degustação para encontrar o pior vinho que pudesse encontrar e escolheu uma mistura de diferentes vinhos europeus vendidos por 2,50€, num supermercado local. Os rótulos foram posteriormente substituídos por um mais bonito e o vinho passou a chamar-se “Le Château Colombier”, com um desenho de uma pomba no logótipo. A equipa do programa de televisão escolheu a competição internacional Gilbert et Gaillard. Para se inscrever, bastava pagar cerca de 50€ e apresentar os resultados de uma análise laboratorial do vinho para que fosse possível conhecer o seu teor alcoólico e de açúcar. A garrafa que custou menos de três euros recebeu o prémio mais cobiçado.

“Na boca é suave, nervoso e rico, com aromas jovens e claros que prometem uma bela complexidade. Muito interessante”, descreveu o júri. Como venceu o concurso?

Em alguns concursos, todos podem se inscrever para serem jurados, mesmo que não percebam nada sobre vinhos. E foi assim que Samy Hosni, jornalista do programa, tornou-se provador de uma competição internacional na cidade francesa de Macon e na sua mesa não havia um único profissional. O problema é que as medalhas muitas vezes influenciam o futuro comercial de um vinho: graças a um prémio, as vendas aumentam em até 15%. Portanto, a mensagem que o programa quer passar é que é preciso ter cuidado com os prémios e medalhas recebidos por um vinho, e por isso, nada melhor que confiar no seu próprio paladar.

 

* Stefan Massinger nasceu na Áustria, sul de Viena, numa região de vinhos. Vive em Caraguatatuba, conhecido no litoral norte paulista pelas atividades da empresa Marevino, que fundou em 2017, sendo hoje embaixador da SixWine. Ele atua na consultoria personalizada sobre vinhos para consumidores, empresas, gastronomia e eventos corporativos ou casamentos.

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