Novidades previstas para o mercado brasileiro do vinho em 2023

*Stefan Massinger

Semana passada já apresentei 3 tendencias previstas para o mercado do vinho brasileiro do 2023, elaborado fantasticamente pelo blog winenext do Rodrigo Lanari. Depois dos três primeiros, que prometem umas mudanças e melhorias no mercado, apresento hoje mais 2, pesquisado e apresentado da mesma fonte mencionada.

Tendência 4 – O consume fica em alta na época pos pandêmica.

Entre o final de 2020 e início de 2022, não havia produtor brasileiro que não reclamasse de problemas de matéria-prima, principalmente a falta de garrafas e de embalagens. Isso aconteceu pela demanda crescente e inesperada pela bebida em todas as suas faixas de preço. Hoje, os problemas de logística já foram superados. Ao mesmo tempo, pandemia deu a oportunidade para o consumidor conhecer melhor a bebida nacional e, consequentemente, diminuir o seu preconceito em relação à bebida.

Agora chegou a hora de saber se os vinhos brasileiros souberam aproveitar esta onda positiva. “A venda da pandemia foi uma bolha”, afirma o produtor Luís Henrique Zanini, conhecido pelo projeto Era dos Ventos. O próximo passo é fidelizar esses consumidores, que caiu quase de paraquedas, muitos na procura de rótulos mais baratos e de qualidade para o consumo doméstico, que provaram e aprovaram a sua qualidade. Diversas ações devem surgir nesta perspectiva.

“Em crescimento, o enoturismo aparece como uma ferramenta promissora e que permite ao produtor se apresentar direto ao consumidor.”

“O desafio é saber fomentar o acesso ao vinho brasileiro”, afirma a sommelière Gabriela Monteleone, do projeto Tão Longe, Tão Perto. Para ela, o foco também precisa estar nos pequenos produtores nacionais e este é um desafio para este ano. Nesta fidelização, o enoturismo, também em tendência de crescimento, aparece como uma ferramenta promissora e que permite ao produtor se apresentar direto ao consumidor, sem precisar disputá-lo nas gôndolas dos supermercados. Pode, ainda, ajudar o vinicultor brasileiro a boa recepção que o Brasil vem tendo no exterior. Inclusive porque agora há uma maior variedade para ser exibida, ao contrário do período da Copa do Mundo e das Olimpíadas no Brasil, quando quase só havia vinho gaúcho. O câmbio é um bom aliado, ao tornar os rótulos nacionais mais competitivos em preços.

Tendência 5 – O impacto do orçamento mais apertado nos vinhos premium

É fato que 2023 será de orçamentos familiares mais apertados. Ao mesmo tempo, o ano segue com a grande procura pelas passagens aéreas internacionais. “É quase impossível fazer previsão no Brasil”, conta Ciro Lilla, dono da importadora Mistral. Mesmo assim, o importador se diz animado com a venda de rótulos de maior valor, que ganhou força durante a pandemia. Sua análise é que seus pares e a própria Mistral já absorveram o impacto daqueles rótulos que chegam na mala dos viajantes, com a volta das viagens internacionais. “Sempre terá o consumidor que viaja e traz muito vinho”, destaca ele. E acrescenta que o crescimento da venda destes vinhos de maior valor deve continuar, seja porque o consumidor gostou e decidiu comprar uma nova garrafa, seja porque precisa dar de presente a amigos.

“Para consumidores com menor poder aquisitivo, o consumo deve ficar nos rótulos mais simples, principalmente do Chile e da Argentina.”

Para 2023, a melhor notícia, diz Lilla, é o frio inesperado, que deve marcar o ano. “Desde maio de 2022, não temos uma semana inteira de calor, e isso motiva a venda de vinhos”, conta ele, que vive em São Paulo. “O clima maluco dos últimos meses ajuda a vender vinho”, acrescenta. Do lado daqueles que têm menor poder aquisitivo, o consumo deve ficar, principalmente, nos rótulos mais simples, principalmente do Chile e da Argentina. “O Chile deve ganhar consumidores”, exemplifica Felipe Galtaroça, da Ideal.

Resumindo, apesar das tendências positivas, segue fundamental a cautela com o cenário de incertezas na economia e na política. Diante de inflação e dólar alto, a principal expectativa é de que a maioria dos consumidores siga optando pelo seguro: os rótulos mais reconhecidos, pelo melhor custo-benefício nas prateleiras.  Mas neste caso “custo-benefício” para muitos, especialmente iniciantes, se traduz em  ”vinho chileno, argentino ou português até 40 reais a garrafa”, que nem sempre automaticamente resulta em vinho de qualidade, que sem dúvida existe também nessa faixa.

 

 

* Stefan Massinger nasceu na Áustria, sul de Viena, numa região de vinhos. Vive em Caraguatatuba, sendo embaixador do grupo Wine, o maior e-commerce de vinhos da América Latina. Ele atua na consultoria personalizada sobre vinhos para consumidores, empresas e eventos.

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