Paul McCartney – parte II

* Edu Souza

 

Pois é meus caros amigos, fui assistir ao vivo um ex-Beatle, fui ao show do Paul McCartney e posso afirmar que ele é tudo isso mesmo, uma figura incrível e impactante.

Como disse meu amigo e pianista Sorocabano, João Leopoldo – “O cara viveu muitas vidas em uma, entidade”.

E é isso mesmo que você pode ter como experiência durante o show, a presença de uma entidade musical e histórica, executando ao longo de mais de duas horas e meia de espetáculo, uma lista grande de sucessos e inúmeras canções sobre o amor.

Saí de Sorocaba, onde estava fazendo uma semana de shows na terça, dia 12, na hora do almoço rumo a Curitiba, foi a única cidade onde encontrei ingressos para o setor de pista quando resolvi comprar.

A viagem foi um pouco mais cansativa do que o normal   devido às duas horas e meia de atraso pra sair.

Foi bom chegar um dia antes e descansar bem.

Fazia um ano e pouco que eu não ia em um show de estádio, mas eu me lembro bem do tipo de desgaste físico que enfrentamos nesses eventos, e é isso aí.

Na quarta, dia 13, acordei depois de dormir bem, animado e ansioso para a noite que viria a seguir, e eu sinceramente não sabia muito bem o que esperar.

Os portões abriram às 16 horas e eu cheguei por volta de

uma hora antes para procurar meu portão e fila, achei tudo bem organizado e sinceramente, parecia pouca gente ali fora naquele momento.

Lá pelas 17 horas já estava posicionado o mais perto possível da grade e agora era esperar.

Esse clima de pré show é sempre muito legal, uma sensação de confraternização, e de que estamos todos ali, com um mesmo propósito.

Às 20 horas e 11 minutos, depois de um DJ tocando versões duvidosas do repertório de Sir Paul durante meia hora e após uma exibição no telão de toda a trajetória do ex-Beatle da infância até os dias atuais da turnê, ele sobe ao palco sorridente e demonstrando muita disposição logo na primeira música com Can’t Buy Me Love, levantando o estádio Couto Pereira.

Ao longo de quase três horas de apresentação, o velho Macca esbanjou energia com seus 81 anos, parando para beber água pela primeira vez após duas horas cantando, como é seu costume.

Em Letting Go, terceira música do set list, o trio de naipe de metais surge tocando logo após o primeiro refrão da música iluminados no meio da arquibancada, para surpresa de todo mundo e deixando claro que o clima era de festa, celebração.

Demonstrando muita simpatia e interesse pelo público brasileiro, Paul se comunicou boa parte da apresentação falando em português, de maneira muito carinhosa e a vontade para fazer piadas e soltar frases como “E aí piazada, tudo bem?” ou a frase que já se tornou um clássico da turnê brasileira, “O pai ta on”.

Que energia gente, sério, com 81 anos estar nesse pique e disposto a aprender e continuar se divertindo, inspirador.

Com uma banda impecável, houveram momentos e climas emocionantes ao longo do show, como o solo de trombone na swingada e singela ‘Let ‘Em In’, que elegância.

Paul prestou muitas homenagens ao longo da noite, incluindo seu ex-parceiro de banda recém falecido Denny Laine, se emocionou ao falar de como era especial poder cantar I’ve Got A Feeling com o John Lennon no telão e foi realmente um momento lindo.

Something foi dedicada ao ex-parceiro George Harrison, com a versão já a muitos anos executada, começando no ukulele e passando para o violão após a banda entrar.

Outro ponto alto é o verdadeiro passeio musical que Paul faz se revezando entre inúmeros instrumentos ao longo da apresentação como piano, seu contrabaixo Hofner, guitarra, violão, ukulele, piano elétrico, mandolim e sempre cantando.

Além dele, os outros músicos também se revezam entre outros instrumentos, trocas rápidas após introduções ou entre as partes de uma mesma música, criando climas e cores fiéis as gravações originais.

Tanto Paul quanto sua banda estavam se divertindo, como ficou visível na performance do baterista Abe Laboriel Jr. durante o começo de Dance Tonight.

Um espetáculo muito dinâmico e cheio de diferentes momentos, com Paul subindo numa plataforma para cantar Blackbird, a banda toda vindo para a frente do palco para uma performance acústica com um telão móvel na metade do palco, projeções cheias de viagens e climas em Sgt. Pepper’s Lonely Hearts Club Band, explosões e chamas no palco e fogos de artificio saindo ao fundo do estádio em Live and Let Die.

Realmente impactante e para ficar na memória, um momento único que pude presenciar, e há rumores que seja um encerramento da carreira do ex-Beatle com o final no show do Maracanã no Rio de Janeiro.

Nunca se sabe, e agora só resta aguardar Eric Clapton em setembro de 2024.

Te vejo quinta feira, um beijo.

 

* Edu Souza é cantor, compositor e músico profissional desde 2003, lançou 3 álbuns autorais, já atuou como professor e acompanha diversos artistas do cenário blues.

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