Por Bea Moreira *
A máscara ficou amiga
De um nariz! Um narigão!
Era um nariz tão tristonho
Vivia olhando pro chão.
Um grande nariz, achatado.
Meio gordo, abatatado.
Meio estranho, esquisitão.
Vivia sempre vermelho.
E quando olhava no espelho,
Ah! Que decepção!
Não gostava desse nariz!
Queria fazer uma plástica!
E, numa mudança fantástica,
O nariz que sempre quis ser!
Mas, chegou a pandemia.
E das máscaras, quem diria,
O nariz a se valer.
E ali, escondidinho,
Discreto, o nariz, tadinho,
Começou a perceber
Que não estava sozinho.
Que muitos outros narizes
De muitos tamanhos, matizes,
Viviam a se esconder!
E a máscara, muito cordata,
Escondeu, de forma sensata,
Narizes de todo jeito!
E foi, através da máscara,
Que o nariz olhou o mundo!
Perdeu a vergonha que tinha,
Agradeceu bem lá do fundo.
A máscara, por sua vez,
Viu a alegria do amigo,
E daí prá frente não mais
Deixou de prestar-lhe abrigo.
* Beá Moreira é Cientista Social, e comenta sobre o cotidiano e suas nuances, de forma descontraída e despretensiosa, buscando fazer do leitor de qualquer idade, um companheiro de bate-papo.
Uma resposta
Verso leve e com certa nostalgia, de um humor bem pontuado…
Senti pena do nariz como se fosse um personagem e vibrei qdo ele se tornou um igual escondido pelas máscaras…
Genial!