Sem aprendizado nada se conquista

Um velho amigo de índole não muito boa disse certa vez que “Caraguatatuba tem a Ideologia de uma Roça!!!”, frisando o empresariado local. Vou pedir, assim que possível, dizer que irei ampliar, pois elementos oriundos de outras localidades trouxeram a mentalidade roceira, arcaica e despreparada para lidar com um comércio, no caso o Atacadão dos Congelados. Infelizmente pessoas como esta estão fadadas ao fracasso, a falência ou concordata e consequente fechamento.

O caso que passo a narrar teve início em meados do ano anterior, quando seis Empresários do ramo da Indústria Alimentícia, aliados de um Promoter de Música Sertaneja tiveram a ideia de unir forças e instalar lojas pelo Brasil vendendo seus produtos, bons, práticos e com preço acessível.

Se raciocinarmos de uma maneira primária o erro já começa quanto ao nome escolhido, pois se confunde com o famoso Atacadão, rede lojas que vende no Atacado e no Varejo um mix de produtos infinitamente maior e mais variado do que o homônimo que só trabalha com congelados e não tem sequer um endereço na Internet para se diferenciar, ou seja, criaram um empreendimento que favorece um concorrente.

A inauguração da casa em Caraguá foi digna de Loja de Rede de âmbito nacional. A esperança era grande e a motivação ainda maior, pois a Primavera se aproximava e o Verão era o fator primordial para o sucesso do empreendimento. Dentro dos planos estavam a criação de diversas lojas, na região e fora dela e foi aí que tudo desandou.

Após a inauguração da loja em Caraguá, que carregava suas vendas através do fator novidade e por conseguinte a filial de Ubatuba, veio a terceira loja, em São José do Rio Preto, no interior de São Paulo, que originou o primeiro fracasso. Segundo consta um dos sócios alugou o prédio em Rio Preto, porém num local ruim estrategicamente e com um valor de aluguel astronômico, originando prejuízo e a repulsa dos sócios, que entraram em atrito, paralisaram e depois encerraram a parceria.

Em decorrência disto as lojas de Caraguá, Ubatuba e Rio Preto foram fechadas e uma solução precisava ser tomada para a sobrevivência dos parceiros. Iniciou-se então a busca incessante de um salvador, de alguém que pudesse absorver a estrutura criada. Ledo engano, pois procuraram alguém com numerário, mas sem a consciência e o conhecimento devido para lidar com o comércio de alimentos.

Meses se passaram até que encontraram o “Salvador da Pátria” para o empreendimento. Tratava-se de Mário Sérgio Ramalho, Secretário Executivo da Frente Parlamentar dos Produtores Públicos de Medicamentos, dono de pelo menos três empresas e com o seu nome figurando nos meios Políticos e Industriais, ou seja, um homem experimentado no trâmite governamental, no comércio e na prestação de serviço, a pessoa certa para salvar o Atacadão dos Congelados da derrota total.

Mais uma vez um enorme engano, pois lidar com comércio é um assunto, porém lidar com comércio alimentício e publicidade são assuntos completamente diferentes, ligados, mas com formas de lidar totalmente distintas.

Ao contrário da primeira inauguração o novo dono achou que o empreendimento ainda carregava o estigma da novidade e por isso não procurou nenhum Veículo de Comunicação e pelo contrário, apenas o Contra & Verso o procurou, talvez por desconhecer totalmente como se divulga no ramo alimentício e por achar que havia adquirido a Galinha dos Ovos de Ouro ou o Pote de Moedas de Ouro no final do Arco Íris.

Tendo em vista a novidade, para o novo proprietário ele, por desconhecer o ramo alimentício e da publicidade vinculada ao segmento, anuncia apenas com o Contra & Verso e pasmem, só aceitou fazer por permuta e por um valor que me envergonha mencionar, com a ideia fixa de que iria vender horrores, que a loja estaria lotada diariamente.

O que se sucedeu foi a pior Baixa Temporada que a cidade está vivendo. Quem anda pelo centro vê o povo transitar pelas ruas, mas os comércios estão vazios, ás moscas, com os funcionários entediados sem nada para fazer, sem ninguém para atender e vender e aí estão incluídos os pseudos clientes do empreendimento, que não tem clientes para vender então não tem razão para comprar.

Por outro lado, um questionamento deve ser feito com base nos produtos vendidos no Atacadão. Os mesmos apresentam facilidade no manuseio, porém estão longe de se igualar aos mesmos produtos feitos artesanalmente, na sua casa, com o seu toque, o seu tempero, o seu carinho e com os segredos familiares adquiridos ao longo de gerações. Isto me faz lembrar que é melhor e mais barato cozinhar em casa do que comprar pronto, o trabalho é maior, porém o resultado é mais satisfatório.

Assim sendo guardei o absurdo para o final do texto. Com a loja vazia, sem vendas ou movimento o “Salvador da Pátria” resolve permitir no mês de julho apenas metade da permuta, propondo que eu apresente uma nova estratégia de vendas, como se o Blog fosse a Fórmula Mágica para investir e vender, sem fazer outra publicidade com outros veículos relacionado a loja de Caraguá. Me deixa estarrecido a falta de preparo, a incompetência administrativa e o analfabetismo comercial,

Infelizmente a loja de Ubatuba foi inaugurada e temo que faça o mesmo que foi feito comigo, resultando no fechamento dos estabelecimentos e fazendo parte das porcentagens do Sebrae sobre negócios no Brasil. É de se lamentar que ainda ocorram acontecimentos como este em pleno Século 21.

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