Tinto equilibrado com toque de baunilha – literalmente

*Stefan Massinger

 

A história do vinho é a história da humanidade. É sobre cultura, aromas, culinária, sabores, enfim rico em contexto e muitas coisas que ainda devem ser desvendadas. Conforme o blog Meu vinho pesquisadores, examinando restos de jarros que datam do reino de Judá, encontraram evidências de que as elites reais de Jerusalém poderiam estar bebendo vinho “com sabor de baunilha”.

Já se sabe que o vinho tem uma longa história na região, e alguns estudos sugerem que os vinhos continham especiarias ou ervas adicionadas. Muitas vezes esta prática não era meramente para melhorar ou alterar sabores e aromas, mas por efeitos medicinais, para tomar vinho também em função de melhorar dificuldades bacteriais ou gastrointestinais.

No entanto, os pesquisadores disseram que ficaram surpresos ao encontrar vestígios de baunilha em alguns dos antigos frascos de armazenamento, que foram escavados de escombros causados pela destruição babilônica de Jerusalém em 586 A.C. “A grande capacidade dos frascos e a presença de marcadores de vinho podem indicar que a baunilha foi usada como aditivo de vinho”, divulgaram os pesquisadores em descobertas publicadas na revista PLoS One.

“Evidências arqueológicas para aromatizar vinho com especiarias exóticas começaram recentemente a se acumular”, acrescentaram os autores do estudo, da Autoridade de Antiguidades de Israel, da Universidade de Tel Aviv, e do Instituto Weizmann de Ciência.

Com uma importação altamente valorizada, a baunilha era provavelmente a reserva da alta sociedade na época. Vários frascos examinados pelos pesquisadores continham um selo de roseta ligando-os à economia real do reino de Judá. “Resíduos de baunilha, descobertos em algumas das jarras, atestam o grande prestígio do vinho e os hábitos de consumo da elite dos moradores de Jerusalém”, garantem os autores do estudo.

Eles afirmaram que as descobertas indicam que a baunilha era usada “como aditivo de vinho pelos reis de Judá e sua comitiva”. Eles acrescentaram que a baunilha provavelmente foi importada da Índia ou da África Oriental. “Ambas as áreas estavam conectadas ao Levante pelas estradas do deserto que originaram o éter no sul da Arábia ou no Egito”, disseram eles.

Tá aí – comprovado, que os antigos apreciadores já misturaram aromáticos no vinho. Será, que esta moda pega de novo? Tendências de adicionar ervas ou aromas nos vinhos sempre existiam, agora sabemos, que era algo “dos nobres antigos”.

 

* Stefan Massinger nasceu na Áustria, sul de Viena, numa região de vinhos. Vive em Caraguatatuba, sendo Master do grupo Wine, o maior e-commerce de vinhos da América Latina, responsável para gestão de pessoas e vendas. Também já trabalhou com venda de vinhos e atua também como consultor independente de negócios.

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