*Stefan Massinger
Continuarei apresentando curiosidades sobre vinho, todos fantasticamente listados no blog da Sonoma e comentado por mim para acrescentar um ou outro aspecto. E já vou começar com um assunto bem polêmico e especificamente brasileiro. Sim – vou falar sobre os vinhos suaves da mesa. Uma bebida que só existe no Brasil e por legislação fora do nosso país nem é considerado vinho. Claro, que existem vinhos doces em todo o canto do mundo, mas a maior diferença com vinhos fortificados ou vinhos doces de sobremesa é que eles não têm adição de açúcar.
Um vinho de sobremesa pode ser doce por vários fatores: pela maturação em excesso da uva, pela fortificação, pelas uvas serem atingidas pelo fungo “botrytis cinerea” – a famosa “podridão nobre” – ou ainda por se tratar de um icewine/Eiswein – um vinho feito de uvas, que congelam no inverno e são colhidos com temperaturas em baixo de zero.
Mas de qualquer tipo se trata – é tudo natural, nunca por adição de açúcar. Como todo vinho tem 3 pilares – acidez, taninos e açúcar. Qualquer vinho tem açúcar/frutose – naturalmente presente nas uvas. Por exemplo vinhos de regiões mais quentes tem mais açúcar. – Vinhos destas regiões são mais doces então? Não necessariamente, mas tem mais álcool – porque açúcar no processo da fermentação vira álcool – então mais sol, mais frutose na uva, mais frutose, mais álcool. – Não necessariamente doçura!
Ok, mas qual é a diferença entre vinho seco e suave?
Então, o vinho suave (lembre-se só está chamado vinho dentro do Brasil …) tem adição de açúcar. É um vinho de qualidade mais baixa, elaborado com uvas comuns de espécies americanas de mesa, feitas para comer, e não para vinificar – Concord, Herbermont, Niágara, Isabel, entre outras.
Esses vinhos podem ser identificados no rótulo, e facilmente são encontrados em supermercados. Já os vinhos secos também chamados de vinhos finos são elaborados com uvas mais nobres as de espécies “viti viníferas”, como Cabernet Sauvignon, Merlot, Chardonnay…
E muitas vezes pessoas, principalmente novos viajantes que ingressam o mundo do vinho, buscam vinhos “suaves” – porque já a palavra indica, que quer algo menos seco, menos complexo … algo fácil de beber. … e muitas vezes estas pessoas facilmente estão fascinadas pelo néctar do baco, tomando vinhos menos encorpados com poucos taninos (a substancia, que deixa a sensação de secura). Por exemplo um belo Pinot Noir, Merlot, Bonarda ou algo do tipo.
Não estou aqui para discutir gostos e preferencias, mas entre apreciadores de vinhos os suaves da mesa são considerados inferiores e não se discute no mesmo nível como os “secos” dos vitis viníferas.
* Stefan Massinger nasceu na Áustria, sul de Viena, numa região de vinhos. Vive em Caraguatatuba, sendo master do grupo Wine, o maior e-commerce de vinhos da América Latina, treinando interessados como empreender no mundo do vinho. Também tem uma empresa de venda de vinhos on-line e atua também como consultor independente de negócios.