O Blog Contra & Verso mantêm as tradições e comemora a mais importante data dos Paulistas que é a Revolução Constitucionalista de 1932, ponto alto da força, luta e organização do povo de São Paulo.
Vamos tentar escrever por tópicos e de forma resumida a última Guerra Civil travada no Brasil.
Até 1930 a eleição para Presidente no Brasil resumia a nação a política do “Café com Leite”, pois ora era um Presidente Mineiro (Leite), ora um Presidente Paulista (Café). Neste mesmo ano Getúlio Vargas toma o poder e impede o Paulista Júlio Prestes de tomar posse.
Os Paulistas indignados, se rebelaram contra Getúlio e exigiram uma Assembléia Constituinte, para reafirmar a democracia no Brasil.
É bom frisar que os Paulistas indignados representavam a oligarquia, juntamente com os Mineiros e o golpe liderado por Getúlio tirou deles o poder que se mantinha por anos.
O apoio a Getúlio era dado pelo PPP – Partido Popular Paulista e já os paulistas contavam com a Frente Única Paulista, formado pela união do Partido Democrático e Partido Republicano Paulista, que exigia um interventor civil Paulista e a já citada Constituição.
O movimento cresce e toma vulto em 23 de maio de 1932, quando cerca de 300 manifestantes Paulistas tentam invadir a sede do PPP, que tinha em suas fileiras integrantes do Movimento Tenentista, intelectuais comunistas e apoiadores da Revolução de 30. Os manifestantes foram repelidos a bala e neste confronto, quatro estudantes de Direito foram mortos e um ferido. Trata-se de Martins, Miragaia, Dráusio, Camargo e Alvarenga. Os quatro primeiros morreram no dia do confronto e Alvarenga morreu meses depois e a partir daí nasceu o “Movimento MMDC”, originário das iniciais dos mortos. Alvarenga não foi incluído no momento e isso só ocorreu em 2004, graças a uma Lei Estadual.
Para nós destaca-se o segundo “M”, Euclydes Bueno Miragaia, nascido em São José dos Campos.
Imediatamente os Paulistas tomaram os principais pontos da capital, como a Rádio Record, os Correios, a Polícia, Bombeiros, dentre outros.
Os Paulistas deflagraram guerra ao Governo Federal com cerca de 35 mil homens, contra aproximadamente 100 mil de Getúlio. São Paulo tinha poucas armas e precisou inventar a “Matraca”, um artefato que imitava o barulho de uma metralhadora para tentar equilibrar as batalhas.
São Paulo contava que iria receber apoio do Mato Grosso, Rio Grande do Sul e Minas Gerais o que não ocorreu. Um dos comandantes Paulistas era o General Euclides Figueiredo, pai do também General João Batista de Oliveira Figueiredo, ex-chefe do SNI (Serviço Nacional de Informações) e o último General Presidente oriundo da Revolução de 64.
Os Paulistas resistiram até 1º de outubro e assinaram a rendição no dia seguinte, na cidade de Cruzeiro, hoje na Região Metropolitana do Vale do Paraíba.
O Porto de Santos foi bloqueado e bombardeado o que impediu a chegada de mais armamentos para os Paulistas. A Capital e Campinas também foram bombardeadas pelos aviões “vermelhinhos” de Getúlio Vargas.
Os mais de 300 mortos Paulistas da Revolução estão enterrados no Mausoléu da Revolução, no Parque do Ibirapuera e o movimento só tornou-se Feriado Estadual em 1997, graças ao Decreto do finado Governador Mário Covas.
Algumas Curiosidades:
A sede invadida em 23 de maio ficava na esquina da Rua Barão de Itapetininga com a Praça da República.
O MMDC se reunia nas esquinas da Rua São Bento com a Rua Boa Vista, no centro da cidade.
O edifício “Ouro para o Bem de São Paulo”, situado no Largo da Misericórdia foi construído pela Santa Casa através da sobra de ouro recolhido para a Revolução e que não chegou a ser gasto, pois havia o temor que fosse encampado pelo Governo Federal.
Mesmo sendo uma solicitação dos Paulistas, Getúlio elaborou a tão sonhada Constituinte em 1934 e em 1938 este mesmo Presidente inaugurou a Avenida Nove de Julho.
Depois disso tudo você sabe agora porque existe a Avenida 23 de Maio na capital.
Glória aos Guerreiros Paulistas pelos 87 anos da Revolução!!!