Produção de vinho chileno após o Movimento de Independência (1817-1818)

*Stefan Massinger

 

Após a independência do povo chileno em relação à Espanha, a produção de vinhos no país começou a decolar e criar uma maior personalidade, afastando-se um pouco do estilo europeu e desenvolvendo uma cara própria. – Por natureza do terroir atlântico, mas também de um certo propósito para mostrar a independência – até no estilo do vinho produzido “Hecho en Chile”! Boa parte desse processo se deve a Claude Gay, um francês que foi o responsável por convencer o governo chileno a investir em uma maior diversidade de uvas. Com isso, houve uma grande importação de frutas da França e Itália, que passaram a ser cultivadas no Chile. Foi então, a partir de 1850, que as famosas variedades originárias da região de Bordeaux chegaram ao país.  Lembrando, que nesta época a produção europeia foi tomado quase até a extinção pela praga filoxera.  Então alguns produtores e enólogos europeus já ficavam de olho em novos países e possibilidades de investir. – Nomes como Rothschild entre outros foram entre as famílias, que “detectaram” o grande potencial nos vinhos chilenos.

Como já mencionado, o clima do Chile é extremamente benéfico para o desenvolvimento da videira e praticamente todas as uvas testadas se adaptaram perfeitamente ao território chileno.

A grande epidemia da filoxera (praga que ataca as raízes da planta, impedindo a absorção dos nutrientes), jamais acometeu as videiras chilenas, devido às barreiras naturais existentes no país, a Cordilheira dos Andes e o Oceano Pacífico.

Já em 1900, o vinho chileno encontra-se consolidado no mercado mundial, ganhando prêmios e sendo reconhecido por apreciadores da bebida em todo o planeta. Infelizmente, a chegada da Segunda Guerra Mundial (1939-1945) trouxe grande prejuízo para a produção, que entrou em recesso por muitos anos.

Nas décadas de 70 e 80, a situação ficaria ainda pior, graças às alterações políticas vividas no país naquele momento. A demanda pela bebida foi cruelmente reduzida durante esse período, o que culminou no extermínio de diversas videiras por conta da queda no preço das uvas e, consequentemente, do vinho, cuja produção já não era tão lucrativa quanto outrora.

Felizmente, as dificuldades foram temporárias e com o passar do tempo, o vinho chileno se reergueu. Com a redução dos conflitos internos e o retorno da paz do cenário político no início da década de 90, foi possível retomar a produção e conseguir novamente o incentivo governamental para o cultivo das uvas.

Hoje em dia, o país voltou a ser reconhecido mundialmente como um produtor de vinhos de grande caráter, boa qualidade e com muita personalidade e até inovação. Com a recobrada da popularidade, a indústria da bebida no país voltou a ser importante.

As principais razões para essa rápida recuperação são as centenas de anos de experiência, além do clima perfeito para o cultivo e da localização geográfica privilegiada, que permite o isolamento ideal para evitar que pragas e doenças (principalmente as ocasionadas por fungos) atinjam as videiras do país. Isso faz com que os produtores usem menos compostos químicos para afastar esses agentes.

 

* Stefan Massinger nasceu na Áustria, sul de Viena, numa região de vinhos. Vive em Caraguatatuba, sendo embaixador do grupo Wine, o maior e-commerce de vinhos da América Latina, através da sua empresa Marevino. Também administra um curso on-line,tem um podcast e faz lives educativas mensais. Atua também como consultor independente de negócios.

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