Viagem exótica à Índia– 03

*Maíza Gaspar

 

Ainda sobre a minha viagem á INDIA exótica e dando continuidade aos textos publicados anteriormente, quero contar uma historia que aconteceu comigo em VARANASI, nas margens do rio mais sagrado de todo o mundo.

Em 2018 conheci a tão famosa INDIA e o meu objetivo era ver de perto o tão famoso TAJ MAHAL, situado na cidade de Agra, e também experimentar a gastronomia local e a cultura que me encantava desde muitos anos atrás.  Eu nem sonhava que um dia essa realização de sonho fosse possível, portanto nunca desista de SONHAR.

Essa viagem tinha um itinerário muito objetivo: conhecer e mergulhar na espiritualidade para PURIFICAR A ALMA e renascer espiritualmente.   Renascimento é sinônimo de morte.   Creio que num sentido figurado não é possível renascer sem que você deixe morrer algo, no meu caso era crucial a morte do EGO.  O caos que existia nas ruas de Délhi, buzinas, barulhos, burburinhos e a sujeira explicita das ruas me desencorajava e eu me voltava pra dentro de mim, questionando o porque de estar ali.

Era a segunda semana da viagem…. Já tinha experimentado a beleza e a magia do TAJ MAHAL e me encantado com tudo, havia conhecido New Délhi e seguia de ônibus para VARANASI, parte do roteiro contratado pelo Instagram e com pessoas totalmente desconhecidas.  Estava literalmente sozinha.  Pela janela do ônibus eu via a deprimente favela e ruas imundas passando diante de meus olhos ao entardecer.  Chegamos ao um HOTEL MAGNIFICO cercado de caos.  Com a GUIA e outras pessoas fizemos nosso primeiro passeio: ver o nascer do SOL desde o Rio Ganges. Saímos a pé pelas ruas em labirintos, deslumbrada com tantos templos em cada esquina, até as escadarias onde tomamos juntos, um barco típico. Ainda estava escuro e o coração acelerado.  As tochas empilhadas e o fogo aceso exalava um cheiro de madeira queimada, e não dava pra ver que eram rituais de morte acontecendo, dia e noite ano após ano…. de forma sagrada, fúnebre.  Os ritos funerários é algo comum naquele lugar espiritual chamado de porta do céu.

Éramos orientados a não fotografar, pois a alma poderia ser capturada e não ascendia aos céus!   O dia nasceu lindo, gaivotas passeavam na névoa que se formava com a fumaça dos corpos que ardiam sob flores, incensos e muito fogo.

Era o silencio que invadia tudo.  Não se ouvia murmúrios, choro, lastimas, e o sofrimento que nós experimentamos ao despedir definitivamente de entes queridos que partem pra outra dimensão, ali não era permitido.    Na volta passamos por entre a multidão e um menino me encarava com os olhos mais negros e profundos que vi na minha vida.   Ele vendia colares multicoloridos e essências.  Veio ao meu encontro, mas a guia de turismo nos havia orientado a não conversar com as pessoas porque era perigoso e poderiam nos assaltar ou sei lá.

A desobediência era algo comum nos meus genes. Sorri e olhei para ele perguntando: How Much Does it Cost?  Eu não entendi uma só palavra e o grupo já estava longe, gritando para que eu me apressasse. Ele me seguia insistentemente e eu me irritei porque não tinha tempo para olhar. Então Lhe dei uma gorjeta (esmola) para que se afastasse de mim e ele ficou muito zangado!  Muito zangado mesmo e me devolveu o dinheiro e pude ver que o ofendi de algum modo. Meu coração doeu. Descobri dias depois que isso é uma grande ofensa… não somos superiores a ninguém. Ao entardecer voltamos para conhecer um ritual sagrado, passando pelas sinuosas ruas repletas de vida, templos, e pude rever esse menino, e ele fugia de mim como alguém foge de um demônio…quis entender o porque e percebi o erro que cometi, pois tinham sem querer, lançado uma maldição sobre a linhagem dele.   Precisava de algum modo me redimir e pedi a Brahma que me perdoasse.   Antes de minha partida para outra cidade, um milagre aconteceu.

 

* Maíza Rodrigues é Advogada e Procuradora na Prefeitura de Caraguatatuba, especializada nas questões ambientais e da Criança, além de amante dos Animais. Posteriormente transformou-se em conhecedora do Mundo Holístico, Místico e Terapêutico através dos seus vários segmentos. Com a sua coluna quer mostrar o outro lado das viagens de Turismo.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Esse site utiliza o Akismet para reduzir spam. Aprenda como seus dados de comentários são processados.

pesquisa

Queremos conhecer você que é leitor do Contra & Verso, para isto gostaríamos de saber mais sobre você.

Populares

Patrocinado

redes sociais

Pular para o conteúdo